Quase Viver...

“O mundo continua o mesmo. Apenas há menos motivo para se viver...” Jack Sparrow

Conversávamos durante a madrugada, minha esposa e eu... uma conversa reflexiva, nostálgica. Pensávamos e comentávamos coisas pequenas, coisas grandes, fúteis e únicas... falávamos sobre a vida quando ela afirmou; “Aproveitei, muito minha infância, e minha adolescência, mas não vi minha juventude passar... perdi minha juventude...”

Essas palavras ecoaram dentro da minha alma, calaram-se lá. Mudas, gritaram e uníssono um silêncio mortal em mim...

Por fim, após algum tempo de meditação, percebi que nossa juventude, pois não foi só a dela que “se perdeu”, não foi exatamente perdida, foi doada.

É isso que acontece quando nos casamos, quando resolvemos ter filhos... aquele período da vida, da infância a maturidade dos filhos, da compreensão real do que é casamento, doamos a terceiros. Não perdemos nossa juventude, apenas doamos a nosso cônjuge, apenas doamos a nossos filhos. E ouso dizer que esse é o segredo de ser feliz. Casamos, não para sermos felizes, temos filhos não para que eles nos façam feliz. De certa forma até que é, mas não diretamente como muitos pensam. Quando dedicamos nossa vida a fazer outros felizes e conseguimos, essa felicidade retorna para nós, intensificada e real.

Quando investimos em algo, primeiro perdemos para depois ganhar, é sempre assim.

E o fato é saber que viver, é um investimento, um investimento de suor e sangue.

Depositamos em outros nossa juventude e liberdade e um dia quem sabe, se isso tiver sido bem investido irá retornar a nós em forma de amor e carinho a pais idosos, em forma de companheirismo e amizade ao cônjuge (pois no final é o resta de um casamento, companheirismo e amizade).

Hoje, enfim aprendi, que perdi minha juventude para encontrar felicidade no sorriso e gargalhadas dos meus filhos, nas mãos macias e olhar amoroso de minha esposa.

Ganhei muito mais do que minha juventude infantil poderia ter me oferecido, ganhei marcas em minha memória, de cores tão vivas quanto um quadro de Leonid Afremov. Sons em meus ouvidos mais belos do que a mais bela sonata de Beethoven.

Amigos, o mundo ainda é assim, ainda podemos nos doar e assim nos ganharemos, ou podemos economizar alma e quase viver.

Edson Duarte
Enviado por Edson Duarte em 17/02/2011
Código do texto: T2798484
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