DEFICIENCIA ESCOLAR

DEFICIENCIA ESCOLAR

Todos tomam conhecimento dos comentários sobre a deficiência no Brasil do ensino, seja na escola pública ou privada e como é de hábito da mídia e do brasileiro em geral, exaltar os males de sua própria pátria, sobretudo compará-la com paises do classificado primeiro mundo.Todavia, todos se esquecem que o mal se originou, justamente nele e tende a se expandir, provocado pelo avanço na tecnolização (permitam-me o neologismo) ou mais explicito, pela maquinização do homem. Nossos estudantes não sabem multiplicar 2 x 2 se não clicar nos números da maquininha de calcular. Não lêem jornais e revistas porque todas as informações lhes chegam de forma audiovisual. Surgiu uma geração de autômatos, se assemelhando aos filmes de ficção, inclusive no comportamento para o bem e para o mal, porém descaracterizado do sentimento divino, do ego, inerente ao ser humano.

Num Caixa de Supermercado se o cliente pretender facilitar o troco e fornecer as moedas miúdas, a funcionária não saberá como proceder. Aliás, eu testemunhei tal ocorrência e a cliente pretendeu dar-lhe os esclarecimentos e ela, não confiando, chamou o “chefe” para deslindar o troco.

Lembrei-me então, como idoso, do currículo escolar antigo: Éramos obrigados a cantar o Hino Nacional e antes das aulas. Teríamos que ler uma pagina de um livro que era continuada por outros alunos. Depois a Tia fazia um pequeno ditado e exigia uma composição sobre o assunto, em certo numero de linhas. Aulas de matemática e aritmética eram bem discutidas entre a professora e os alunos. O dever de casa era indispensável. Ainda hoje sinto pejo por uma ação que pratiquei aos 10 anos. Como dever de casa, a Tia Carlota solicitou dos seus alunos, uma composição sobre assunto de um livro a escolha de cada um. Eu copiei pequeno trecho de um livro e o apresentei como minha autoria. A Tia, no horário do recreio, ordenou para eu ficar na sala. Então, chamou-me e, amavelmente elogiou meu trabalho e pediu-me para confessar a autoria. Sustentei que eu o havia escrito. Ela argumentou que ninguém saberia da minha má ação e só esperava que não a repetisse. Eu mantive a palavra. Ela calou-se, mandou-me sentar. Ela baixou a cabeça e continuou na sua nobre missão até o horário do recreio passar.

Na saída, todos receberam seus cadernos. Chegando em casa, li horrorizado e envergonhado, a nota O em vermelho e a observação: Sua dever está tão bom que eu não consegui colocar o numero 1 no frente do zero.

Meus pais souberam porque uma tia verdadeira que morava conosco era quem nos orientava nos deveres escolares. Do meu pai, levei duas “palmatoradas” bem merecidas e a obrigação de pedir perdão a Tia Carlota. Ele foi junto para testemunhar.

Iran Di Valencia
Enviado por Iran Di Valencia em 18/02/2011
Código do texto: T2799460