A TRISTEZA

Hoje estou casuísta. Este é um dos tentáculos do meu ambiente de letras. Fazer o que, nasci observadora e fiel aos atos dos outros.

Então apresento aquela que lhes fará oposição à data carnavalesca que se aproxima: A TRISTEZA.

Há quem confunda com depressão. Destes uns poucos se amontoam em desconhecidos patamares da consciência buscando, talvez, a própria resposta ou a saída. Como queiram.

Mas existem aqueles a quem a tristeza se define na própria face.

E foi deste modo que conheci a moça deste caso.

Um olhar perdido. Olhava para dentro de si, para os ângulos do queixo, para o dedinho mindinho do pé. Menos para qualquer lugar ou pessoa que ultrapassasse os limites do seu corpo. Era ali, naquele preâmbulo de gente que se encerrava o livro inteiro de uma vida. Deixava cair umas lágrimas encardidas porque nelas residia a força de alívio constante sem o qual já não existiria cor alguma. Dizer o que, a boca retorcida não encontrava mais gosto em nada expressar. As profundas olheiras que lhe afeiçoavam a um urso panda, jaziam naquele rosto como a rosa murcha deixada entre túmulos. Não sei o que sentia, mas certamente sentia junto com ela. Fui estremecendo diante de tamanha dor e sequer nutria a ânsia de questioná-la. Dor é dor. Motivo não importa, bastava aquela imagem de tristeza.

A viagem chegou ao fim, pus-me adiante dela e daquela tristeza plena. Não havia perfume em sua presença, somente um corpo que reagia quase que de acordo com o vento, a velocidade. E só.

Ao contrário do que diz a marchinha de carnaval, deixei a tristeza lá dentro. Busquei uma passagem alegre da minha vida e pus-me a sorrir feito doida. Ou santa. Ou feliz. Ou transgressora. Vai saber.

Beijos.

Cris.

Cristiane Maria
Enviado por Cristiane Maria em 19/02/2011
Código do texto: T2802453
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