De Gutenbergue à Dilma?

Janeiro já deixou um rastro de pólvora queimado, ao anunciarem que sua inflação medida, fora de 0,83%. Desde janeiro do ano de 2003 não se via um índice inflacionário tão alto. Isso é deveras preocupante, principalmente para um governo que apenas está começando. Somado a tudo isso, chega a galope, imposta pela Presidenta do Brasil, uma forte e indigesta contração de despesas na ordem de aproximadamente cinqüenta bilhões de reais.

Estaríamos diante do PAC às avessas?, De um anti-PAC? Como será que as promessas de campanha da Presidenta Dilma Rousseff sairão do papel e virarão realidade. É necessário bastante dinheiro para fazer-se a transformação que este país precisa, quanto mais a que ela prometeu.

A Força Sindical insatisfeita com o valor do salário mínimo de quinhentos e quarenta e cinco reais protesta com certa firmeza, achando que o Tesouro Nacional estivesse repleto de sobras financeiras e que o governo blefa quando nega qualquer acréscimo ao valor já quase definido.

Permitir privilégios a alguns não é nada justo. Que o salário mínimo possui um valor abaixo das necessidades básicas dos cidadãos brasileiros é também sabido, mas, o que o governo não pode e nem deve é sair por aí escancarando o erário e pondo em risco o pagamento em dia da população trabalhadora. Querer nem sempre é poder.

Os conflitos de interesses, as declarações inamistosas, os discursos repletos de desvalores, nada disso pode atrapalhar que o país cresça e se desenvolva de forma firme e sustentável. Os solavancos de crescimento não agüentam a ação do tempo.

Excessiva brandura com certos tratamentos deve ser evitado. Há grandes problemas nacionais em constantes déficits, como é o caso do saneamento básico, que deve ser atacado com muito entusiasmo e caixa aberto. De Norte a Sul deste país a população padece com doenças que poderiam já nem mais ser vistas, exclusivamente pela falta de saneamento básico.

Quem sabe não tenhamos em um futuro próximo um acervo e uma prática humanísticos mais avultados? A barbárie e a brutalização cotidiana dos homens, diante de um desenvolvimento repensado, desviscerado dos valores hediondos que vemos com fartura na atualidade,talvez se acabe? Desenvolver um país em seu mais nobre sentido é por o homem diante da realidade e dos sonhos, ensinando-lhe a ser menos rude e muito mais humano.

Vejo com imensa cautela esse iniciozinho de governo, dado o silêncio de engendramentos, se é que já se engendra algo volumoso no seio desse governo. Há mais silêncio do que qualquer outra coisa e isso é preocupante. Até agora o que pudemos ouvir em alto e bom tom foi apenas anúncios de cortes no orçamento e arrochos. O PAC da subtração. Será que é apenas isso o que teriam para mostrar para a sociedade brasileira? Tomara que não!

Às vezes uma simples engenhoca pode mudar a face da humanidade. Foi o caso de Gutenberg que inventou a máquina de imprimir, no ano de 1455. Esse alemão de mainz não poderia imaginar o quanto sua invenção ajudaria toda a humanidade. Não estamos esperando tamanha envergadura numa ação de início de governo, em relação à Presidenta Dilma Rousseff, mas queremos permanecer sem ler as boas notícias do seu governo, como se vivêssemos na idade média e Gutenberg fosse o nosso Presidente!