Pressa, sabedoria e chuva.

Corro tanto e só quero ficar sentada. A vida é uma aventura constante.

Começo a entender o que é o mundo dos adultos. Trabalho, como, sorrio, sinto preguiça e depois o cansaço. Estou constantemente pensando, pensando e pensando. Nada mais será como antes. Adquiro conhecimento todos os dias, mas não alcancei nem metade da sabedoria recomendada. Ainda nem se quer tenho um emprego certo. Corro e aprendo tanto, mas em dia chuvosos, só quero ficar em casa, tomando café e lendo um livro.

Percebo que ser inteligente não é carregar diplomas, mas sim conhecer a vida. Pessoas sofridas conhecem demais. Pessoas doentes são quase médicos ou farmacêuticos.

Estou sentada em uma cadeira de escritórios e fazendo coisas que não me interessam, mas que são necessárias. Enquanto separo documentos, minha mente viaja nas entranhas mais herméticas e fantasiosas. Sou fantasia pura. Sou a bíblia de mim mesma. Sou Deus.

Hoje choveu por alguns minutos e rapidamente recuperei a vida que tinha perdido há alguns dias. O sol e a claridade tiram a vida que carrego dentro dos olhos. A chuva rega todas as minhas idéias e devaneios. Devaneios tão necessários e urgentes.

Levanto cedo, desespero-me algumas vezes enquanto trabalho, almoço com certa presa, mal tenho tempo para falar no caminho de volta para os deveres. Quando chove, minhas necessidades parecem maiores e mesmo que só tenha um minuto de vida, posso ir ao Japão e voltar. Chuva dá preguiça. Chuva dá ânimo. Chuva é vida (ou não). Chuva tem sentimentos. Chuva é sabedoria pedindo para ser bebida.