Sempre elas, as palavras

Palavras nos formam, mas há palavras ferinas como a flecha que depois de atirada não pode ser detida. Costumamos atribuir a quem as profere a lança da maldade. Verdade é que às vezes é esta a intenção, de ferir e ferem até as próximas gerações. Mas outras há em que a intenção, ao serem disparadas, não é de ferir. Destas, tomamos a lança e com ela partimos o próprio coração.

Palavras proferidas na hora da ira não podem ser aspiradas de volta ainda que caiba arrependimento ou pedido de desculpas. Acontece também de algumas vezes chegarem tão velozes à boca, palavras de supetão! Se não há nesse instante ira justa ou premeditação, acredito sermos apenas instrumento para dizer algo que precisa ser dito e ouvido. Não adianta aqui o remorso por ter tocado profundamente a outra pessoa.

Podemos dizer tudo em nome da franqueza? Podemos falar qualquer coisa a qualquer pessoa? Sinceramente, creio que não. Podemos com cuidado, isto sim, dizer quase tudo a todos. Com cuidado. Muito cuidado, como pedia ESPINOSA.

Sem esquecer a outra parte, aquela que ouve e que às vezes "emprenha pelos ouvidos" quando ouve mais do que foi dito. A reflexão sobre a natureza das palavras ferinas vale para os nossos ouvidos também. Aqui cabe a nós perguntarmos: “Não gosto de ficar com dúvida, o que você quis dizer com isto?”. Normalmente não era a agressão fortuita que ouvimos. Se nada disto funcionar, resta nos perguntar por que tais palavras nos feriram tanto. Talvez sejam instrumentos para nosso aprendizado.




Escrito a partir de dois comentários meus a outros textos.
meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 24/02/2011
Reeditado em 22/09/2011
Código do texto: T2811580
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