LAMBE-LAMBE

MÃO-NO-SACO

O lambe-lambe era um fotógrafo ambulante que ficava na praça principal das grandes cidades ou percorria o interior para oferecer o serviço de fotografia.

Acredito que nos dias de hoje seja uma profissão em extinção, pois a tecnologia acabou com os últimos remanescentes, mas, antigamente, na nossa cidade, era comum a presença dessa figura tão popular na época das eleições. Popularmente, esse profissional era conhecido como lambe-lambe ou mão-no-saco. Hoje em dia poucas pessoas procuram o lambe-lambe, mais por questões afetivas do que técnicas.

Na época, nas fotos para documentos oficiais, obrigatoriamente teria que constar a data e isso era feito colocando-se uma plaquinha de papel com esses dados que era colada na negativa da foto e o fotógrafo era obrigado a passá-lo na língua para criar aderência, daí o nome lambe-lambe.

Também há relatos em que o fotógrafo ficava revelando com o braço e a mão enfiados na câmera através de um meião de futebol, o cliente ficava sentado em um banco na posição de quem iria receber um soco e ficava imóvel por quase um minuto na frente da câmera, daí a origem do nome mão-no-saco.

Outra versão é que todo o procedimento de operação e revelação no antigo equipamento era feito através de sacos de pano ou meiões, por isso, surgiu o apelido de mão-no-saco.

Eram fotos de qualidade inferior e que com o tempo começavam a desbotar. O interessante é que algumas vezes o cliente tinha dúvidas se a foto era ou não sua. Naquele tempo estas geringonças só revelavam fotos em preto e branco.

A máquina era composta de caixa de madeira, lentes, grandes tripés de madeira e o tradicional guarda-chuva para proteger todo o aparato. Ao final do dia o fotógrafo fechava o tripé que era parafusado na própria máquina e carregava tudo nos ombros. Era um verdadeiro trambolho.

Em pedro Avelino o fotógrafo de mão-no-saco mais famoso e mais conhecido foi Pedro Silva, de Afonso Bezerra. Foi muito requisitado nas eleições da década e 1960 nas campanhas para prefeito de Zelito Calaça e Saturnino Teixeira (1962) e de Geraldo Bezerra de Souza e Zelito Calaça (1968).

Entendo que o fotógrafo lambe-lambe é considerado um importante agente na popularização do retrato fotográfico do nosso povo, enfim, um verdadeiro cronista visual da vida cotidiana dos velhos e bons tempos.

O que não podemos esquecer é a vantagem de representar o lado romântico da fotografia, em álbum familiar, uma relíquia. Fotos que ficaram nas recordações de um tempo que não volta mais. Só lembranças. É um grande valor sentimental e cultural como referência de uma Pedro Avelino antiga.

Marcos Calaça
Enviado por Marcos Calaça em 25/02/2011
Código do texto: T2813606