Silenciosamente

Ela que nos espreita desde o instante do nascimento, talvez antes, é amiga das horas, íntima do tempo. Somos demovidos da ideia de que aqui viemos a passeio, quando com ela nos deparamos, quase sempre através do outro.

Ela que é temida por todos, sábios e tolos, é traduzida como a mais solitária figura a vagar pelo universo com uma foice às costas e ossos aparentes. Não creio que esteja tão longe, lá nas estrelas, senão bem perto de nós. Daí dizer que é companhia de todas as horas. É presença serena, pois de tão silenciosa esquecemos-lhe completamente até que nos bafeje os olhos quando, com seu sopro, faz adormecidos a quem queremos bem.

Ela a quem não dedicamos muito pensar, quando aparece, ou ameaça aparecer, nos faz perceber a impermanência de tudo, e assim tomar em nossas mãos as rédeas curtas da própria existência. Há um quê de positivo nesta ultrajante figura que poucos ousam dizer, mas é através dela que despertamos para a Vida! Deixamos a imprudência, para cuidar do corpo e do ser enquanto ganhamos uma espécie de concordata com a vida.

Ela, se para mais nada servisse, serviria para lembrar que somos todos iguais.





meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 27/02/2011
Reeditado em 22/09/2011
Código do texto: T2818265
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