UMA SAUDADE ETERNA....

Fazia sol naquela fatídica manhã de 23 de janeiro de 1997....

Eu havia dormido pouco.Meu pensamento estava voltado, centralizado nela.

Eu sabia que ela não estava bem.Mas tinha a certeza de que logo ela estaria melhor.Mas a angustia no coração parecia me alertar de algo...

Ao telefone minha mãe avisava que ela não estava bem, se possível queria que eu fosse pra lá antes de ir para o trabalho.

Foi o que fiz....

A casa da minha avó estava silenciosa...No quarto ela estava na cama...Respirando forte, parecendo buscar o ar, enquanto o enfermeiro aplicava uma injeção.

Lembro que disse a ela para ficar bem que eu ja estava lá....Não entendo como consigo ter o senso do humor nessas horas....Acredito que seja porque nunca penso no pior...Mas deveria....

Sentei ao seu lado na cama, segurei em suas mãos....Ela estava gelada e com a respiração ainda mais ofegante.Não conseguia entende o que ela dizia.Suas palavras não saiam mais como aquela facilidade de pessoa inteligente que sempre foi.

Recordo que apenas entendi que me pedia para levanta-la um pouco.E foi o que fiz.Tomei sobre colo aquela que tantas vezes me carregou....Eu sabia que aquele era um momentâneo.No dia seguinte ela estaria melhor.Ela voltou a respirar um pouco melhor.Deitada na cama agora, tinha eu e minha irmã Jôze ao seu lado.

Ouvimos o médico na sala dizer..."Não há mais nada a fazer.Apenas vou tirá-la para não morrer aqui"...Senti suas mãos apertando a minha com força...Força essa que foi se perdendo aos poucos...

Claro que isso não era verdade.Era só um susto.Ela iria ficar boa.

Segue então ela para o hospital...

Vamos rezar, porque eu sei que ela vai voltar...

O tempo passou, não sei ao certo o quanto foi...Apenas lembro minha vó descendo do carro, vindo ao meu encontro, chorando e dizendo..."Filha venha morar comigo por que a nossa nenê não volta mais..."

Como não volta? O que aconteceu? Ela é imortal! Essa brincadeira não tem graça...

Será isso mesmo? A minha melhor amiga, minha companheira, minha quase mãe, não iria voltar?

Espera!Então é verdade?Essa doença não tem mesmo cura? Mas e Deus, porque não a curou?

Entrei na cozinha com o pensamento vago, parecia que estava em um pesadelo sem conseguir acordar...

Encontro minha irmã, no mesmo estado.Nos abraçamos e agora sim a ficha caiu...Minha Tia Catarina havia nos deixado ainda em plena juventude..."Os bons morrem jovens..."

Então aos 21 anos de idade convivi com a minha primeira grande perda...Da minha amada, querida, amiga e tia Catarina.

Hoje, 14 anos depois, ainda não aprendi a conviver com sua ausência.

As vezes me pego pensando em contar algo a ela.Comentar coisas que sempre conversarmos.Pedir conselhos...

A minha vida continuou e continua... Construí uma familia linda e abençoada.Mas a cada dia sinto mais a sua falta...

Sei que de certa forma ela esta presente em minha vida.Não apenas no nome dela que dei a minha primeira filha.Mas em tudo que faço e vejo...

Tia...Se eu pudesse voltar um dia só da minha vida eu voltaria em um que você estivesse presente.Graças a Deus foram muitos.Apenas para lhe dizer que sou desligada.Raramente expressei meus sentimentos, mas é com as pancadas da vida que a gente aprende.Diria apenas, eu te amo, sua presença é muito importante em minha vida...Perder você foi um golpe duro que tive que aprender a conviver nessa vida...

Obrigada por tudo que fez por mim...Principalmente pela sua amizade sincera e fraterna que jamais terei igual na vida!

Dizem que ninguém é insubstituivel....Mas pra mim você é....ETERNA!!!!

Te amo por toda a ETERNIDADE!

E ah! Quando a gente se encontrar se prepara! Eu vou puxar suas orelhas! Brincadeira sem graça essa sua de ir embora tão cedo da minha vida....

Viviane Alves
Enviado por Viviane Alves em 02/03/2011
Código do texto: T2824251