HOJE "EU SÓ QUERIA UM CAFÉ"


Frio, chuva, céu cinzento e uma frase “eu só queria um café” são suficientes para desenrolar  o carretel de meus sentimentos nesta tarde de sábado de carnaval, mais silenciosa do que sexta-feira santa . Vontade de não estar  aqui. Queria outro lugar. Não queria folia. Nem mar. Nem estradas entupidas sem hora de chegar. Queria um lugar tranquilo para conversar. Jogar papo fora. Olhar em volta, e murmurar coisas que só quem está lado a lado pode escutar. Queria ser apenas uma leitora de pensamentos.  Queria olhos nos olhos para sentir emoções pulsando e embaralha-las com as mãos. Mãos dadas. Pensando bem, hoje eu não precisaria das palavras. Queria um grande cá-lice transbordado de gestos.  De signos de gestos. De gestos significativos. Queria linhas nas pontas de meus dedos para desenhar detalhes de um rosto. Rosto que o tempo, mesmo fazendo um exausto esforço, não consegue apagar.  Queria uma música calma de fundo e ouvir a voz que acaricia minha alma e acende o meu dia. E se  todo esse meu querer fosse muita ousadia,  hoje “eu só queria um café”.



O título desta crônica foi inspirado no site www.eusoqueriaumcafe.com