CARNAVAL

O que seria o Carnaval, senão a vida em fantasias?

Curto é o período quando serpenteam as massas nas praças e avenidas. Multidões ostentam adereços sob os holofotes momescos por toda parte da cidade: agitam afuxês, ganzás, maracás e chocalhos; em sincronia, requebram os quadris e sua sorte.

A festa, que arrasta milhões, foi aguardada por um ano; é tempo de alegria e de dar asas à criatividade. Mais uma vez, os foliões vão se iludir com o imaginário de prazeres, que se desfarão ao cabo dos quatro dias de entusiasmo coletivo.

Platéias ornamentadas de lantejoulas e miçangas acompanham os protagonistas mascarados, em trajes de orgia, que sapateam horas a fio sobre lembranças de trabalho, mesas famíliares e fiéis amores; estes, arrolados no recesso da atenção, e, portanto, legados à indiferença, convertem-se em cinzas junto ao siso dos entusiastas dadivosos, até o raiar do sol, afinal, na quarta-feira.

Pedem passagem nos bailes populares os sons dos pandeiros e dos tamborins. No espetáculo desfilam confetes, paetês e serpentinas. E, sambando a realidade em alegorias, o povo se ajusta ao assopro dos apitos e ao compasso das baterias, sem perceber que o Carnaval apenas fantasia a vida!

Israel dos Santos
Enviado por Israel dos Santos em 06/03/2011
Reeditado em 16/02/2022
Código do texto: T2831103
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