HIPOCRISIA

HIPOCRISIA

Impressionante o nível de hipocrisia e o uso de dois pesos e duas medidas, no julgamento de pessoas que, segundo as regras determinadas, cometeram algum erro.

Romário, um dos maiores jogadores do mundo em todos os tempos, quando ainda jogador do Flamengo, foi flagrado pelo uso de uma substância considerada dopante e aliviado logo depois, de uma pesada suspensão. A imprensa, desde logo, tratou de dar algum destaque ao fato, sem porém fazer uma campanha sistemática, pela sua condenação. Afinal de contas, tratava-se do Romário; o Romário do Flamengo...

Atirson, outro jogador do Flamengo, também teve sua absolvição resolvida muito antes do julgamento. A mídia desde cedo, tratou de enfatizar que ele era um bom menino e que nunca, se doparia propositalmente. Deve-se levar em conta, que as substâncias expelidas por esses dois atletas, eram do tipo que, de alguma forma, serviam para melhorar o desempenho físico; do mesmo modo que Daiane dos Santos (que logo foi condenada). A diferença, é que Daiane foi condenada e aquela mídia, que desde o início inocentou Romário e Atirson, ficou agora em silêncio. Eu nunca soube, se pelo fato dela ser negra ou pelo fato dela não "jogar" no Flamengo... Sempre me incomodou, o poder adquirido pela FIFA ao longo dos anos e que se torna tão maior a cada dia, que a leva, muitas vezes, a se colocar em confronto, com as leis de alguns paises; tudo em nome da organização, da divulgação e principalmente, da venda do produto chamado "futebol"... Este mesmo poder é exercido (só que de forma mais sutil), pelo Comitê Olímpico Internacional. O COI, foi quem criou e determinou, juntamente com entidades médicas, as regras que apontam, a existência de doping no esporte; a FIFA então, trouxe essas regras, para os campos de futebol.

No Brasil, as nossas leis determinam, que um cidadão só pode ser proibido de exercer a sua atividade profissional, no caso de ferir as regras morais e éticas, determinadas pela sua entidade de classe, ou caso cometa um crime, que o leve à cadeia (até onde sei, é assim que funciona). Me cabe então, perguntar; e o Jobson (jogador do Botafogo)? Ele correu o risco de ser banido do esporte (pessoalmente, acho que vai continuar correndo esse risco, porque não vejo nele, força para se livrar do vício), sem ter cometido um crime, que o levasse a ser preso. Jobson foi julgado pelo uso de cocaína, crak ou qualquer outra destas porcarias, arriscando-se ao banimento. E por quê? Porque pessoas hipócritas, ligadas a entidades médicas hipócritas, criaram regras hipócritas de comportamento. Um médico, que representa no Brasil o organismo internacional anti dopagem, em uma entrevista a qual assisti, disse que anteriormente, apenas o uso das substâncias que serviam para melhorar a performance, era considerado como doping. Hoje, da mesma forma que se inventou, hipocritamente, o tal "fair play", inventou-se também, o conceito de que o uso das drogas consideradas sociais (cocaína, maconha, etc), também é entendido como doping, mesmo quando a ciência prova, que estas substâncias, não servem para melhorar a performance. E como ficam então, os jogadores de futebol e os outros atletas em geral? Eles foram consultados, quando da elaboração dessas regras? Algum representante deles, concordou com a implementação delas? E o álcool? Ele, que também é uma droga social (porém legalizada), pode ser considerado como doping? Se não for, deveríamos questionar e perguntar o motivo. Por outro lado, se ele (álcool), for considerado como doping, deveríamos perguntar ao médico citado e as "otôridades" que criaram essas regras, se eles bebem. Se fizermos essa pergunta a cada um deles, todos, com certeza, hipocritamente responderão: Bebemos sim; socialmente...

Sergio Pantoja
Enviado por Sergio Pantoja em 06/03/2011
Código do texto: T2832126
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