Comparação

Aos dezenove anos, Carlos conheceu Maria Amália. Amor à primeira vista. Seis meses depois, aquelas duas crianças assinaram papéis e passaram a viver juntos. Os três filhos vieram rapidamente.

Depois de 25 anos de casamento, a vidinha modorrenta incomodava o marido.

Quarentão charmoso, situação estável, Carlos inspirava cobiça na mulherada. Telefonemas e insinuações passaram a persegui-lo. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Carlos capitulou. O marido exemplar não resistiu ao assédio e aos encantos da secretária, Ana Lúcia.

À proporção que os encontros esparsos com a namorada se tornaram constantes, as constantes picotadas de cartão com a esposa tornaram-se esparsas.

Maria Amália, vendo que naquele angu tinha caroço, resolveu tomar tenência.

Quem procura acha. Amália não precisou de muito trabalho pra descobrir que o marido andava caçando juriti em poleiro alheio. O casamento naufragou.

Carlos saiu de casa. Logo, descobriu que o bom do relacionamento com Ana Lúcia era a proibição. Aos poucos, com juras amor e fidelidade eterna, Carlinho voltou para o lar-doce-lar.

O tempo passou e, certa noite, lá estavam Carlos e Maria Amália jantando à luz de velas em restaurante chique. Festejavam mais um aniversário de convivência. Na porta, recém aberta, surgiu Paulo Tadeu, compadre do casal. Em lugar da esposa, o amigo se fazia acompanhar por Marcela, moreninha meio sem graça que se tornara seu cacho há poucos meses.

Carlos acenou para o amigo e evitou fazer comentários sobre a canalhice. Maria Amália tomou um gole de vinho, analisou a companhia do compadre de cima abaixo e sentenciou:

- Carlinho, a nossa amante era bem mais bonita...

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Aroldo Pinheiro
Enviado por Aroldo Pinheiro em 08/03/2011
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