O dia do Peixe

O Rio Piracicaba foi, para nós, palco de uma história hilariante: o dia em que vimos, com esses nossos olhos que um dia devolveremos à Terra, (Os de Eliana muito mais bonitos que os meus...) um peixe aplicar uma rasteira humilhante num pescador.

A história se passou assim: estávamos nós assistindo a batalha entre o dito pescador, que talvez se chamasse mesmo Dito, e o peixe, (Na realidade, O Peixe...). Sob uma enxurrada de olhares invejosos, o Dito (doravante denominado apenas, o pescador..) retira das águas uma majestosa piapara, rebrilhando as suas escamas douradas ao Sol. Eliana não sabia se chorava, a temer pela certa má sorte do peixe, (Doravante cognominado O Peixe...) ou se aplaudia o dito pescador pelo feito extraordinário. Eu, sádico confesso, fiquei a admirar o feito opulento daquele craque da vara (A de pescar, ficamos bem entendidos aqui, pois das outras novas, não sei e nem questão disso eu faço...). Peixe pescado, peixe mais que prontamente recolhido ao cesto, já lotado com outros infelizes parentes daquele pescado de agora, e o pescador, todo não cabendo em si de empáfia, vira-se com a linha na dita vara, (Eliana já quase desmaiando de desespero, ao imaginar outros irmãos, ou mesmo primos, daquele Peixe tendo a mesma sina) e se prepara para lançá-la de novo ao rio.

Não mais que três segundos de silêncio tumular. Este foi o hiato de tempo entre a retumbante e efêmera glória do dito pescador e seu inesperado fracasso: dentro do fatídico balaio vinha um sacolejar ao qual ninguém, para felicidade do Peixe, prestava atenção.

De repente, um grito apavorado ecoa nas margens do Piracicaba:

"-O Peixe está fugindo!!!"

Era uma mulher com cara de Cruela Cruel, na vã e desesperada tentativa de avisar o pescador, que a essa altura tentava segurar os outros peixes, que, se mortos já não estivessem teriam seguido alegremente o seu libertador, o Peixe, ladeira abaixo, para as salvadoras águas do rio.

Sob uma maré de risos e galhofas de todos os circunstantes, Eliana mais do que qualquer outro, (Prudentemente, embora penalizado pelo fiasco do dito pescador, eu também fiz coro com a chacota geral...) o rio Piracicaba abriu, (O próprio rio parecia também estar gargalhando às escâncaras...)acalentadoramente, as suas águas, recebendo de volta o Peixe, o filho pródigo que dela havia sido usurpado. Restou ao cabisbaixo pescador recolher a sua tralha e sair de fininho, mortalmente ferido em seu orgulho profissional.

Fato verídico ocorrido em Piracicaba...(Tá aí, vivinha da Silva, Eliana, que não me deixa mentir sozinho...)

Terras de São Paulo, uma alegre manhã pós-carnavalesca de início Março de 2011.

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 10/03/2011
Reeditado em 10/03/2011
Código do texto: T2839066
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