Belvedere (Bela vista)

Esther Ribeiro Gomes

Foi num inesquecível verão que vivi uma emoção incrível:

uma vista tão bela que me deixou emudecida!

Viajando pelo nordeste, fomos conhecer Genipabu, em Natal, no Rio Grande do Norte, onde ficam as dunas mais altas do Brasil.

Subimos de buggy até as dunas móveis que se chamam assim porque

o vento as penteia e elas mudam de lugar.

São mais altas que as dunas fixas e os passeios por lá têm mais emoção, mas também são mais perigosos.

Quando chegamos, fiquei literalmente de boca aberta: a vista era deslumbrante!

As dunas de areia fofa e branquíssima desciam até uma lagoa de águas transparentes, onde se avistavam muitos peixinhos coloridos.

Até hoje, a lembrança daquela belíssima vista me emociona e quando fecho os olhos, viajo no tempo e me vejo lá no alto, admirando aquela vista maravilhosa.

Para descer até a lagoa e nadar junto aos peixinhos, há uma prancha presa numa corda que vão soltando à medida que se vai descendo e se chama ‘skibunda’.

Quando me sentei na prancha para iniciar aquela ‘aventura’, me perguntaram se eu queria descer ‘com emoção’, ou ‘sem emoção’ e

eu disse: com emoção, é claro!

Então soltaram a corda de uma vez e lá fui eu, apavorada, duna abaixo...

Mas minha coragem valeu a pena, porque pude desfrutar de um tempo maior junto aos peixinhos que, sem cerimônia, nadavam entre minhas pernas e braços, na intimidade de grandes amigos...

O problema foi na hora de voltar, pois quando eu começava a subida naquelas areias fofas, em seguida escorregava e tinha que recomeçar.

Meu marido não quis me acompanhar na aventura e ria lá de cima, dizendo que ia me deixar lá!

Mas, para meu alívio, um moço alto e forte que subia junto comigo, viu meu desespero e me puxou pela mão com uma facilidade invejável, como se eu fosse uma pluma: era professor de educação física!

Quando, finalmente, cheguei ao topo da duna, agradeci a gentileza

e, triunfante, disse para meu marido:

Você perdeu um passeio do qual jamais se esqueceria e, afinal, sempre se encontra um bom samaritano para ajudar...

Alguns anos depois, quando lá voltei, já existia uma estrutura melhor: cadeiras motorizadas para trazer os turistas de volta.

Mas, apesar do progresso, preferia quando não havia tantas mordomias, porque, por incrível que pareça, com o aumento do fluxo de turistas, as águas da lagoa já estavam turvas e não se avistavam mais os peixinhos...

Por que o ser humano não sabe preservar nem respeitar a natureza?!

É preciso aprender a valorizar as belezas do nosso imenso Brasil!

Esther Ribeiro Gomes
Enviado por Esther Ribeiro Gomes em 11/03/2011
Reeditado em 11/03/2011
Código do texto: T2841185