REALIDADE X FANATISMO

     Gozado como essa gente que se diz religiosa, espiritualizada, vê tudo com os olhos da impureza do pecado, como se dele estivesse incólume. Bitolada na pseudo-ideologia política e suposta "doutrina social cristã", perdem a visão para outros aspectos da vida e esquecem um preceito bíblico bastante claro: "Teu olho é a luz do teu corpo". (Mt 6, 22).

     O Carnaval é uma festa pecaminosa e promíscua, sim. Mas para os que vivem  nesse estado de espírito dentro ou fora dele. Quantos neste exato momento estão dentro de uma igreja, de corpo presente e a alma vagando pelos mais tenebrosos e promíscuos instintos bestiais!...

     O mundo e a humanidade não podem parar em função das desgraças que nelas ocorrem, pois não é só disso que a vida se compõe. A morte já tem o seu ritual, em que muitos se excedem em pomposas exéquias. Do berço de ouro em que nasceram ao mármore de Carrara em que repousam no último sono, de humildade jamais se revestiram, nem mesmo fantasiando-se no carnaval. O carnaval celebra a vida. Vida que poucos reconhecem e por ela não agradecem nos seus rosários de intermináveis petições.

     Quem só enxerga o lado catastrófico de que é vítima alguns estados do Brasil e mais recentemente o Rio de Janeiro, não tem consciência para refletir, nem olhos para ver as lições de humanidade e solidariedade manifestadas pela grande maioria da população brasileira, sem qualquer ostentação de rótulo religioso. Faz tudo com natural e discreta generosidade. Geralmente quem vem a público questionar essas ditas "Fatalidades X Futilidades" são os hipócritas que não saem do discurso vazio e, na prática, nada fazem de concreto por alguém.

    Se o Brasil abolisse o carnaval, esta medida restituiria a perda de valores éticos, morais e cristãos por que passa a maior parte da sua gente? Será que tal media resolveria os problemas sociais que todos vivemos? Não seria o contrário? Quanto de receita perderia este país por conta do turismo que o carnaval atrai, gerando bilhões de dólares no nosso mercado. Quantos empregos geram as escolas de samba, quantas famílias o ano inteiro sobrevivem das fantasias, alegorias e adereços do carnaval.

     Somos um povo alegre, sim. E devemos dar  graças a Deus por isso. Essa alegria natural explode no peito do brasileiro a qualquer tempo; seja por qualquer comemoração, assim como, com a mesma intensidade sofre e chora suas perdas. E o carnaval, essa “falsa vida na avenida”, é uma marca, um reflexo da alma do brasileiro bem humorado, de bem com a alma e corpo iluminados por olhos que sabem ver com brilho, grandeza e beleza o maior espetáculo da terra.

LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 11/03/2011
Reeditado em 11/03/2011
Código do texto: T2841644
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