Cadê?

O sono foge. Lembro-me da técnica de tentar ficar acordado o mais que puder para Hypnos, o deus do nosso, se aproximar e me adormecer. Se é assim, tomo um suco. Ponho a mão em uma revista e me espicho no sofá. A mão tateia e encontra o controle remoto. Clic! A tevê começa a falar, digo, os homens lá. Zapeio como posso. Bem que algo divertido poderia me ajudar... Êpa, acho! O sujeito está engomado: cabelo, barba e bigode aprumados, ainda que impúbere. Terno e gravata e luxos do ambiente compõem a figura. Um executivo? O que mesmo ele diz? Concentro-me: Ele tem uma resposta pra você, meu amigo, minha irmã. Ligue, ligue agora mesmo e receba essa resposta. Começo com a mania lá dos porquês: Ligar? Ele não é onisciente? Onipotente? Onitudo? Não é Pai que tudo entende? Que até meus cabelos a cair Ele sabe antever? Se é desse modelo, porque ligar para o canal de televisão? Que eu saiba, não marcamos nenhum encontro telefônico... E essa ação não faria o menor sentido, porque, onipresente, Ele também não está aqui?... Hypnos chegou. Amanheci outro dia, sem saber mesmo onde a minha revista tinha ido parar.