TRAVESSURAS DE FLOR - PARA QUEM GOSTA DE CÃES

De repente Pat a vê amuadinha debaixo da mesa da sala de jantar, os olhinhos parados, ganindo baixinho.

— Corre Mô, a Flor tá mal!

Mô surge voando do banheiro.

— Pat! A Flor tá morrendo!

Flor não é Flor! É uma bola. Uma perfeita bola de futebol, a barriga estufada, redonda e durinha. “Papai” e “Mamãe” cuidando da vida, dando duro no trabalho e Flor aprontando. Que beleza, hein? O que teria sido dessa vez?

Ah, Deus meu! Se algo mais grave se dá com Flor, Pat morre! Mô também! Eles morrem, com toda certeza! Flor nos braços de Mô e Pat atrás de pistas. Chi! Cadê os dois bolos esquecidos sobre a pia, de manhã? As embalagens no chão e um rastilho de farelos até a despensa. Nem um pedaciquinho sequer de dois bolos enormes e inteirinhos! Tava explicada a barrigona totalmente redonda, parecendo uma pedra...

Veterinário! Flor, inerte nos braços da dona, não reage. Puro desespero! A tragédia explicada entre rios de lágrimas... “Por favor, doutor ela vai morrer?”. Ai! A cara do doutor tá esquisita. Nem precisa dizer nada. Os “pais” concluem: Flor já é uma alminha a mais no ceuzinho dos bichos!

Pat, desolada. Mô, de olhar inconformado, despista o choro fingindo interesse por uma avenca pendurada num vaso. Ô meu Deus, que tristeza! E agora como é que vai ser a vida? Como é que vai ser amanhecer sem os latidos, as lambidas, as brincadeiras e o enjoamento de Flor? O veterinário sumido lá pra dentro em busca de seus aparelhinhos... Que demora!

De repente, o susto! O gato preto pula do muro, e Flor, dos braços de Pat. Lá vai a cadelinha feito um corisco atrás do bichano. Atropela tudo pela frente, colide com o doutor que se detém sem reação, todo embaraçado no seu estestoscópio! Uma dúvida: o bichinho semimorto e aquele furacãozinho peludo são o mesmo ser? Não pode ser! Mas é! Agora é ir atrás da fujona! A estas alturas já zanza lá pela cozinha da clínica à cata de mais algum bolo enorme e inteirinho esquecido sobre a pia por algum desavisado...