No horizonte



No horizonte o céu e a terra parecem se encontrar. Mais uma das inúmeras ilusões que compõe nosso presente mental. Nossa realidade é a princípio um novelo de ilusões: continuidade da matéria, cores, horizonte, terra plana, movimento do sol entorno da terra, a não percepção dos movimentos de rotação e translação da terra, relatividade do espaço-tempo e inúmeras outras. O próprio céu é uma abstração ilusória, o céu não existe. Como pode algo que não existe, no horizonte, se encontrar com a terra, que também não é plana. O céu é o próprio infinito de nosso universo.
 
Algumas ilusões estão tão arraigadas em nossa mente e em nossa cultura que por ela chegamos a traçar nossas vidas, chegamos a discutir e em casos extremos chegamos até mesmo a lutar. Apenas com verdadeira ciência e muita racionalidade crítica podemos ir percebendo e aprendendo, objetivamente ou subjetivamente, as quase verdades da existência, e assim podemos abandonar as ilusões, por mais agradáveis e por mais que sejam aparentemente verossímeis. Verossimilhança não é nada, pode e geralmente nos leva a ilusões. Somente a busca racional e crítica de alguma verdade pode ir nos tornando livres destas e de outras ilusões.
 
Às vezes dói abandonar certas ilusões. Como seria bom se elas fossem verdadeiras? Viver em ilusão é viver em mentira, e deveríamos buscar ao contrário viver em verdades, mesmo que incompletas.
 
O pior é que decorrente destas ilusões, ou apenas mesmo como meros agravantes, somos vaidosos, arrogantes, egoístas, mentirosos, e segregadores, alem de nos perceber como o estado da arte no tocante à vida, como seres justos e sábios, como imagem e semelhança de um deus, desta forma nossa vida só pode mesmo ser mesquinha, repugnante e destruidora de nossa própria dignidade humana.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 12/03/2011
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