O HOMEM: UM SER ENIGMÁTICO!

"Vigiar para que germinem as sementes ou desabrochem as flores, arfar no arado, ler, pensar, amar, orar; eis a felicidade dos homens." (John Ruskin)

Antes de termos nossos filhos, a verificação dos desatinos, ou traquinagens dos filhos de outras pessoas, leva-nos a pensar que o problema está na criação. Então, concluímos em nossa mente: “quando eu tiver um filho ele não será assim, pois vou dar a ele uma educação diferenciada, capaz de torná-lo uma pessoa educada, competente e responsável, bem melhor do que o “pestinha” do vizinho”. Todavia, a experiência mostra que as coisas nem sempre correm da maneira que esperamos. Como o filho do vizinho, o nosso também estaria sujeito a toda sorte de contratempos.

Os nossos cuidados, nem sempre serão suficientes para formar um cidadão exemplar, pois a influência do meio externo é muito forte. Como também, cada ser humano tem a sua própria personalidade. Assim, saber como ele se comportaria no futuro constitui uma incógnita de um problema de difícil solução, num mundo conturbado. Obviamente, em nosso Brasil, um país de dimensões continentais, com indivíduos oriundos de culturas diferentes e grande desnível sócio-econômico. As dificuldades de gerenciamento são infinitamente superiores aos encontrados por um simples chefe de família. Portanto, imaginar soluções rápidas e simples para resolver problemas tão complexos, que envolve o homem individualmente, ou coletivamente torna-se uma experiência inútil que pode acarretar conseqüências desastrosas.

A propósito, lembro-me de uma reportagem publicada na folha de S. Paulo, assinada por Fernando Gabeira. Cujo teor era sobre a “farra do boi” em Santa Catarina, mais precisamente em uma pequena cidade praiana desse estado do sul. Conforme a reportagem: tal prática é caracterizada por uma brincadeira de mau gosto: “Pessoas reunidas na praia maltratando um pobre e indefeso boi.” Costume que vem sendo praticado por mais de trezentos anos na comunidade. O brilhante repórter quis saber mais sobre esse povo bárbaro. Haja vista, a primeira impressão que teve daquelas pessoas foi a pior possível. Entretanto, ao contrário das expectativas, verificou-se que as pessoas daquele lugar eram pacíficas e ordeiras, na maior parte do tempo. Cuja cadeia pública, não havia grades e nem prisioneiros. Uma comunidade exclusivamente composta por pescadores que se relacionavam harmonicamente. Talvez, se fosse suprimido por medida governamental a “farra do boi”, as coisas não seriam tão tranquilas , naquele lugar.

Tenho lido muitos artigos criticando nossos governantes, quase todos, denunciando a incidência de crimes contra o erário público: “corrupção, tráfico de influências e falta de prioridades na aplicação dos recursos públicos e impunidade”. A veracidade dessas denúncias geralmente é merecedora de elogios. Por outro lado, muitas críticas vêm acompanhadas de comparações com democracias européias consolidadas, como as da França e Inglaterra. Como se esses lugares fossem verdadeiros paraísos. Todavia, nos dois casos esses povos convivem com a forma republicana de governo há mais de um século. Enquanto, no Brasil a constituição acabou de completar a sua maioridade, são apenas 21 anos de legalidade constitucional. Logo, faltam-nos ainda prática e maturidade, principalmente na hora de eleger os nossos representantes.

Mesmo os países ditos desenvolvidos, não estão totalmente isentos das “mazelas” encontradas aqui. Pergunta-se como conseguiram esse propalado desenvolvimento? A História universal relata que a maioria desse progresso foi ás custas da exploração de países pobres da áfrica e América latina. A escravidão e as guerras foram os meios principais de enriquecimento das grandes nações européias e dos EUA, deixando os países pobres, mais pobres. As práticas xenófobas apesar de existirem em nosso país, são mais comuns nos países ricos. No Japão, os emigrantes coreanos,apesar de morarem na “terra do sol nascente” há mais de 400 anos, não são considerados ainda japoneses, sendo francamente discriminados por esse povo.

Em nosso país a integração é muito mais rápida, apesar de todos os nossos problemas, somos um povo amoroso e hospitaleiro. Caro leitor, o comportamento humano é bastante variado tanto a nível individual quanto coletivo. Então, para lidar com as questões humanas, temos que ser muito cuidadosos, pois tentar resolver a problemática humana de uma forma simplista e radical, com certeza não é racional, podendo acarretar grandes retrocessos.

João da Cruz
Enviado por João da Cruz em 12/03/2011
Reeditado em 16/01/2012
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