FATO DA VIDA

Resolvi escrever uma crônica do tempo, fui visitando vários amigos da era de colégio, exército e de lugares onde já morei, um desses amigos transcorreu um fato quase inacreditável:

No ano de 1963, eu e Wagner Lopes, soldados do exército, lotados na 3ª Cia., éramos amigos inseparáveis, morávamos em cidades vizinhas, a 18 quilômetros aproximadamente, 20 minutos de carro.

Um ano depois, dávamos baixas, e, cada qual segue seu caminho, nunca mais vi ou ouvir falar de Wagner, mas devido ao livro que comecei a escrever, fez com que eu o procurasse.

Não sabia seu nome completo, nem tão pouco o bairro em que morava, aliás, não sabia nada sobre ele, só restava-me a lembrança de um bom amigo, soldado Lopes.

Comecei a fazer um plano para localizá-lo, ir à cidade de Muqui, procurar alguém da família Lopes e pedir ajuda. Como seria hoje Wagner? Soube que na comunidade de Santa fé morava um cidadão de nome idêntico, Estava ai a minha primeira pista para rever meu amigo.

Peguei um ônibus na rodoviária de Mimoso ás 11 horas, viação Real, Já na estrada, o cobrador, ao aproximar para tirar-me a passagem, reportou-me: “Senhor para onde?” Respondi: - Até Santa fé.

O cobrador gentilmente disse: “Senhor, deveria ter embarcado no outro ônibus, pois esse é direto, mas mesmo assim vou tirar lhe a passagem até a rodoviária de Muqui, e de lá, sugiro que embarque no próximo horário, cujo, também sai de Mimoso ás 11:30.

30 minutos depois, já estava eu dentro do outro ônibus, pedi licença a um passageiro, e sentei-me ao seu lado.

A viagem demorou uns 45 minutos, até que o cobrador do ônibus alertou-me: “Olha Santa fé”, desci; só percebi que o meu vizinho de cadeira havia descido quando o ônibus seguiu seu itinerário.

Ficamos próximo a uma igreja da comunidade, fui eu, que mais uma vez dirigir ao passageiro que acabara de saltar:

“O Senhor reside aqui? Conhece: Wagner Lopes, onde ele mora?”

- Wagner Lopes, sou eu!

“A vida nos prega cada uma, após quatro décadas, veja se me reconhece? Soldado, Amado lhe diz alguma coisa?”

- Inacreditável!

Abraçamos-nos e num pequeno espaço de tempo cada um relembrou sua história, aventuras da juventude.

Fomos á sua casa, onde Lopes me contou que mensalmente vai a Mimoso, e sempre sonhava em um dia acontecer esse encontro, mas nunca imaginara como iria ocorrer, pois ele também, só me recordava por soldado Amado.

Três horas depois, Wagner levou-me ao ponto de ônibus para retorno a Mimoso:

“Lá vem o ônibus, dei o sinal, e disse: “agora já sabe, quando for a Mimoso, apareça! Até um dia amigo!”