A imbatível dupla de mafiosos, o tempo e o relógio!
 
Olhando o relógio parei a observar seu movimento, seus ponteiros, o maior é o filho, o menor é o pai.
Como os humanos geralmente o filho é maior que o pai.
Mas este pai faz o molequinho correr prá valer, enquanto ele vem se arrastando atrás. Treina o filho que corre sem saber por que.
Como pode uma coisa mecânica que marca outra coisa que na verdade não existe, comandar nossa vida, nos dar ordens sem descanso, fazer de nós seu escravo.
Não sei não, mas para mim eles são dois marginais, dois mafiosos que armados até os dentes exigem obediência cega. Ele e o tempo são da mesma gangue!
Ele manda e sem cerimônia alguma nos faz obedecer à força.
Ele não pede simplesmente ordena: levanta, anda, fala, coma, trabalha, se divirta, durma, acorda, toma banho, até o sinal de trânsito só fica verde quando ele quer ....

Enquanto  as pessoas obedecem, ele  fica em sua casinha bem resguardado da chuva, sol e o que mais vier, tranqüilo só fazendo o que o seu “ Don Tempo” mafioso chefe manda.
Bem feito, ele também é escravo, um “soldato”, que obedece cegamente a “omerta”, há,há,há!
Indiferente a nossa dor, a alegria ou vontade, ele vai seguindo seu caminho, deixando para trás o que nunca mais poderá ser recuperado e atropelando o que ainda está por vir, porque o momento, o tempo presente não existe!
Ele sabe disso, mas nos ilude...

Ele é tão bandido que quando queremos que os minutos passem depressa ele se move devagar, e quando queremos que pare, ele continua mais depressa, corre, voa!
Desobediência aos nossos desejos é sua satisfação sádica!
Parece que tem vida própria e quer nos “sacanear”, até na antiguidade já se sofria com eles.
No passado, mas no passado mesmo, marcavam o tempo assim como os índios (coitados)ainda fazem, obedecem ao movimento do sol, se chover dias seguidos e o sol não aparecer se lascam...
Seu relógio biológico entra em pane.

A ampulheta inventada por um monge francês chamado Luipraud (tinha que ser monge, dispunha de tempo!) devia ser sempre virada para que a areia que estava na parte de cima passasse atravez de um orificio para a parte de baixo.
Com essa engenhoca ele calculava o tempo.
Existia até uma pessoa encarregada só para ficar virando a bendita invenção!

Caramba, que confusão!
Me diga se ele não é uma arma infernal, criado por algum deus do Olimpo que estava de mau humor por ter brigado com a deusa que estava de tpm, para azucrinar os humanos, seus brinquedinhos favoritos.
Um dia ainda vou descobrir quem foi, e acertar as contas com ele...
Peguei meu relógio e joguei na última gaveta, tranquei com chave. Deixei ele de castigo explicando bem o motivo:
-Não vou mais te obedecer, estou com raiva de você, fique ai e não me atazane o juízo! Cala a boca!
Saí satisfeita me achando vingada.
O telefone tocou.
Era minha filha...
-Mãe onde você está?
-Em casa, por que?
- Não acredito! Faz mais de uma hora que estamos te esperando, o que você está fazendo?
-Brigando com o relógio!
- O que?Essa não!Vou ter que te internar, você pirou de vez! Repete o que disse, não pode ser verdade, desta vez você extrapolou sua loira maluca!
-Brigando com o relógio e com o tempo!
-Tá, deixa pra lá com louco não se discute. Você aí, muito bonito isso, e nós aqui feito bestas te esperando, venha já para cá.
Desligou.
Nossa ela estava brava mesmo...
Vou ter que pegar o danado da gaveta outra vez,
mas outro dia volto a por esse monstrinho de castigo...

Ahh! Bandido relógio um dia você me paga!
Posso até estar morta, mas me vingo de você seu peste!
Meu Deus, estou uma hora atrazada...
Tenho que correr...
-Relógio pega leve, vê se não faz essa droga de tempo passar depressa porque não posso perder mais tempo, vai com calma, não queira se vingar do castigo logo agora...
 
 
M.H.P.M.