CAMINHAR UMA TERAPIA SAUDÁVEL

CAMINHAR FAZ BEM À ALMA

Minha rotina diária inicia-se com uma caminhada, aliás, nos últimos tempos tem sido um pouco diferente, uma hora pedalando uma bicicleta pelas ruas, uma delicia. Geralmente de cinco às seis da manhã. Exceto nos dias chuvosos o que não é menos prazeroso, caminho ouvindo a musicalidade da chuva sussurrando no seu gotejo, em um guarda chuva, acompanhada pelo murmúrio da brisa quando sopra um pouco mais forte.

Dia destes quebrando esta rotina e aproveitando o dia da semana em que minha esposa e eu dirigimos a nossa propriedade rural para cuidar das plantações La existente. Para matar a saudade fez meu trajeto diário na roça, à luz do dia pela manhã, donde passei a maior parte da juventude correndo atraz de meu sonho como produtor rural.

Comecei minha caminhada pelas áreas mais férteis onde se localiza a sede, que costumo chamar de meu cantinho na roça. Tudo verde e maravilhoso graças às chuvas que vem caindo nos últimos dias. Iniciei a caminhada ouvindo a cantoria dos canarinhos da terra, e as demais espécies que habitam nosso jardim, e um pequeno bosque no entorno da casa. Na medida em que me distanciava rumo ao cerrado onde a terra, é menos fértil observava o quanto ela é tão generosa, assim como toda a criação de Deus incluindo nós os seres humanos, também ela, é dosada em limitações.

Quando atingi o campo na parte mais inculta encontrei uma prova do seu esforço e de sua generosidade contribuindo com a natureza. Um lírio branco ostentando sua beleza. Brotado do seu ventre onde não se via quase nada de vegetação. O apanhei com muito cuidado e passei a observar a procura de um lírio azul que tantas vezes a mais de quatro décadas passadas eu os apanhava, enquanto cavalgava campeando o gado, levando-os com todo carinho à minha esposa. Nesta busca incansável do lírio azul passei a observar a diversidade de flores minúsculas que passam despercebidas ao olhar do campeiro, não sendo notadas pela humildade que as esconde entre a vegetação. Comecei então colher uma de cada espécie conseguindo assim um grande numero em cor diferente, e para completar encontrei o tão desejado lírio azul, o vilão de minha de minha saudade. Adentrando na reserva ambiental de cerrado apanhei outras espécies de porte um pouco maior, mas tão linda e colorida como as minis já colhidas. Formei um belo ramalhete amarrando-o caprichosamente com um cipó, voltei pra casa e ofereci a minha esposa como nos velhos tempos.

Estes momentos de nostalgia eu sempre procuro administrá-los com certa reserva para não ser tomado pela saudade que sempre está me perseguindo, mas por mais que eu lute contra a emoção as lágrimas sempre afloram, e quando as percebo estão lavando minha alma.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 19/03/2011
Reeditado em 19/03/2011
Código do texto: T2857493
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