Estrada - Serra da Borborema PB

A MULHER E A ILUSÃO DO HOMEM
 
Nas minhas observações, apontamentos e conversas com homens e mulheres, ao longo de 20 anos, tentei extrair o melhor e até o lado folclórico do relacionamento humano. Absorvi alguns conhecimentos desses dois personagens: o macho e a fêmea da família hominídea.
O macho era criado para ser o garanhão, o reprodutor e o mantenedor desse núcleo familiar; pelo menos era assim que se via no seio da família, principalmente as ditas conservadoras, embora a realidade já seja outra nos dias atuais.
A mulher era criada para ser a esposa, a mãe da prole, a “rainha do lar”, termo mais estranho, ou seja, a que era mantida; felizmente hoje isso é quase um folclore; eu disse quase, porque ainda existe, embora seja difícil de acreditar.
Não é preciso ir longe para descobrir que essas pessoas existem. No interior e até mesmo nas grandes cidades encontram-se mulheres que falam: vou procurar alguém para cuidar de mim, como se elas precisassem disso. A mulher é tão capaz quanto o homem.
Mas encontramos homens também, e esta é a parte folclórica, onde este vive a ilusão pretensiosa de encontrar a mulher ideal, ou seja, a super mulher, para saciar seus desejos ilusórios da fêmea perfeita. Não acredita? Então prestem atenção nesta leitura, vou procurar ser o mais fiel possível aos sonhos machista.
O homem em geral, procura e quer encontrar uma super mulher, para se relacionar via casamento. Como seria essa super mulher? Segundo o apanhado que fiz, ela seria uma excelente mãe, uma eximia dona de casa, e uma máquina de sexo na cama. – Pasmem. – porém triste constatação de quem assim pensa. Hoje esta mulher além do dom feminino que a natureza lhe impôs; ela também trabalha em empresas públicas e privadas, contribuindo de maneira efetiva para a manutenção da vida familiar, a prosperidade organizacional e o desenvolvimento social.
Pura ilusão machista, encontrar a mulher ideal, aquela que em casa o espera de sorriso no rosto, descansada da labuta diária e pronta para cair em seus braços e se deixarem levar para além das nuvens. Esqueceram de dizer-lhe que “conto da carochinha” não existe que é pura e simples fantasia.
O mais certo é acreditar que o homem e a mulher são duas pessoas adultas, capazes de crescerem juntas, progredirem e sanearem os problemas advindos dessa junção.
”Alguém que cuide de mim”, sonhos do “mundo do faz de conta”, super mulher, são ilusões da mente humana. Macho ou fêmea, não importam o que importa é a união, a superação através do carinho, muito carinho e amor, esta é a receita para o casamento dar certo.
É com muito pesar, que descobri também o quase fim do romantismo, este anda em baixa, tanto de um lado como do outro. O charme da conquista amorosa está em derrocada. Não mais existe o fetiche da paquera, da aproximação entre duas pessoas que se dispõe para o amor.
Hoje o encontro entre pessoas que se dizem gostar é do tipo: ficar, rolo; entenda-se; pegou, levou, soltou.
É uma pena que as pessoas busquem mais o prazer, do que a harmonia entre os corpos e a alma. O sentimento passou a ser contado pelos valores materiais disponíveis, em qualquer que seja o lado, e não mais pelos valores do sentimento do cerne, do espírito da pessoa humana.
Ouvi alguns depoimentos de mulheres, que me pareceram ser de pessoas do tempo da caverna. Em resumo, “o homem é que tem que ver tudo”. Onde está escrito que a iniciativa tem que partir apenas do homem em todos os sentidos? Esperar que o outro faça é fácil, quem quer que seja este outro, o difícil é se mexer, é tomar a frente, é puxar o outro para o seu lado e fazê-lo acreditar que ele também é capaz e, que ambos podem andar lado a lado.
Creio não ter paciência nem estomago para esses tipos de argumentações. Mas há quem goste então, esses disparates ainda vão perpassar décadas.
Que o homem não leve essas ilusões ao pé da letra, e que a mulher não queira ser cuidada por ninguém, a não ser ela mesma; até porque ela sabe não precisa do outro para este zelo. Ambos porém podem conviver pacificamente, com harmonia, carinho e muito amor. Não espere pelo outro, faça você a sua parte e este lhe acompanhará ou ficará definitivamente para trás. E quem vai se lembrar de alguém ficou para aquém do horizonte?
 
                            Rio, 19/03/2011
                          Feitosa dos Santos