Odeio self- service!
 
Gostaria de saber quem foi o inventor do self-service...
Se você souber me avise, quero rogar praga nessa criatura...
Parece, não tenho certeza absoluta que uma tal de Helen Mosher(tinha que ser Helen?) no centro de Los Angeles em 1905 deu o ponta pé inicial criando essa “coisa”!
Muitas vezes sou obrigada a entrar nesses comedouros, mas entro a contra gosto, esperneando...
Fico só observando...
Me lembra muito o cocho onde se poe comida, ração e sal para os animais.
As pessoas em fila com prato, talheres e guardanapos na mão, aguardando a vez.
Homens de terno e gravata, outros com bela camisa esporte, as moças e senhoras sempre bem arrumadas, cheirosas, com belas bijuterias...
Todos indistintamente humilhados e reduzidos a certeza de sua condição animal.
Pobre do coitado que tentar furar a fila...
Você está em pé na fila aguardando a sua vez (igual posto do INSS), quando alguém pede licença para passar,geralmente é a moça que trabalha no restaurante.
Ela atravessa na sua frente e literalmente despeja a comida na travessa que estava quase vazia, repõe a ração...
As saladas, e toda comida virada e revirada mil vezes, e substituídas outras tantas.
Me dá uma tristeza, um baixo astral ver as mangas cortadas , brancas, desbotadas, nem como, passo longe,  come-las de garfo e faca por não ter escolha e deprimente.
Nada melhor do que “enfiar a cara” numa manga de verdade, deixando escorrer seu caldo pelo braço, pingar no cotovelo, lambuzar o rosto todo, e ficar com os dentes cheios de fiapo...
Não sei de quem tenho mais pena, se da manga tão desvalorizada no seu sabor ou de quem a come...
Quando tem bandeja pior ainda...
A pessoa se serve, com a bandeja nas mãos, fica rodando igual um peru tonto em véspera de Natal, tentando achar um lugar, enquanto equilibra garrafa, copo, prato etc etc.
Quando o celular toca nesta hora, se instala o caos...
Ele conseguirá chegar são e salvo ao seu destino, se tiver a sorte de não cruzar com nenhuma criança “encapetada” que estiver correndo dentro do restaurante, ou algum estabanado, senão...
Finalmente, sentado em seu lugar, dá inicio a batalha...
De repente algumas pessoas passam e ficam olhando para seu prato, analisando sua comida e o tempo que levará para você dar fim a missão.
Outros ficam te “secando” de longe, e existe ainda os “cara de pau” que ficam em pé, de plantão   atrás de sua cadeira,ou rondando por perto, avaliando se ainda falta muito para você lhes ceder o lugar!
Já viu aqueles restaurantes que têm senha, igual aos bancos, com letreiro luminoso onde aparecem os números? Gente de Deus , é dose!
As pessoas comem falando no celular e com os olhos na televisão que mostra o Japão destruído, muita gente morta, cães farejando os destroços, uma desgraceira só!
Caramba! Isso é vida?
Isso é se alimentar dignamente como um ser racional supostamente educado?
Acha que comer num ambiente desses pode ser saudável? Chega a me dar nó no estômago.
Sou “dos antigamente” para mim a hora de comer é sagrada, é hora de agradecer o alimento, saborear com calma o que você teve a graça de receber.
Prefiro pegar um sanduíche, sentar na calçada, num caixote, numa escada ou no primeiro banco de praça que encontrar e dividir meu pão com os pássaros, eles ao menos são educados, não falam em celulares e nem assistem tv...
Em último caso, quando não tenho como escapar de verdade,tiro meu prato da bandeja, forro a mesa com o guardanapo e sento de frente para alguma parede ou alguma planta, não quero nem ver o que se passa ao meu redor,tento eliminar o barulho e me transporto mentalmente para um lugar calmo e tranqüilo, onde estou só rodeado apenas pela natureza...
Deixo o mundo rodar...
É muito triste ver os que não conseguem nem isso, e são obrigados a engolir qualquer comida, como se diz “pelos olhos e pelo nariz” numa rapidez incrível, por falta de dinheiro ou por falta de tempo, numa correria absurda, agradecendo por ainda poder e ter o que comer.
Não acredito que nenhum ser humano, digno deste nome mereça isso, mas sei também que eles existem e são muitos, infelizmente.
Mesmo sabendo disso, continuo execrando os “self –service”!
 
 
 
 
  
 M.H.P.M.