...perder a ternura, jamais! (EC)

Pedra, palavra de inúmeros significados, dentre os quais me vem à mente o da dureza. Trocando de lugar o “d” e o “r” teremos a palavra perda. A perda pode ser vista como predecessora de outro ganho, pois se um espaço está ocupado demais, nele nada cabe de novo. E se a perda significar perda da ternura, o que ganharíamos com isto?

Estou eu aqui a construir palavras, ou melhor, tomando palavras que não são minhas para construir ideias que, em última análise, também são de outros. Neste tempo de escrevinhadores vorazes, quando até pedra escreve no ar, sobram cada vez menos leitores atentos. Neste editar desenfreado de livros, muito se compra; pouco ou nada se lê.

Calma e apuro, há muito ficaram no esquecimento. Fazer uma coisa por vez, também. Imagine só que alguém iria sentar-se numa poltrona de leitura e simplesmente ler?! Logo isto será coisa da Idade da Pedra. Já tive um colega de trabalho que lia caminhando: na ergométrica, na escada rolante, e, pasmem, até quando atravessava a rua?! Pateta, como sou, se tivesse que comer e ler (ou assistir televisão) ao mesmo tempo, no mínimo, morderia a língua.

Tudo no mundo atual é muito-muito, inclusive a avidez para “curtir”! Temos excesso de estímulos e quase todos parecem ter desenvolvido, em parte, a síndrome da deficiência de atenção. Ganharam as prateleiras. Perderam as árvores. E nós, pela lei do endurecer-se, perdemos o prazer do olhar calmo, da releitura, do olho-no-olho e muito, muito mais! Saudade da pedra e da feia flor do caminho que inspiravam ternura ao Poeta!...




Este texto faz parte do Exercício Criativo - A Educação pela Pedra
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meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 25/03/2011
Reeditado em 22/09/2011
Código do texto: T2869544
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