Lula lá
O ex-presidente Lula estava lá em Portugal quando recebeu, consternado, a notícia do passamento do seu vice José Alencar.
No país de Cabral, Lula recebia um título de doutor honoris causa da Universidade de Coimbra (sabe-se lá que honoris causa é essa), ladeado por sua senhora, dona Marisa (aquela mãe amorosa que defendeu a decisão dos filhos de solicitarem a cidadania italiana, pois pensava no futuro deles – ai de nós tupiniquins).
Acontece que ninguém se dignou a perguntar qual foi o meio de transporte que o conduziu à cidade natal de Camões, coincidentemente no mesmo dia em que a nossa primeira Presidente mulher também lá estava. Pois eu respondo. Viajou no avião oficial, aquele que o Brasil comprou durante os oito anos do Governo dele. Viajaram juntos todos, como se fizessem parte de uma comitiva.
Fica no ar a pergunta: o Lula faz parte do atual governo? É Ministro? Ou diretor de alguma estatal? De agência reguladora?
Não, leitores! Lula é ex-presidente e nada mais. E dona Mariza é atual mulher de ex-presidente, menos ainda que ele...
A comenda que ele foi receber e a visita oportuna de Dilma ao País irmão (irmão mais velho, certamente, que levou a maior parte de nossas riquezas, mas isso são águas passadas), noticiados como eventos distintos demonstram o desprezo do antecessor pelas instituições que segue firme, como herança maldita, nesse novo (velho) governo.
A saída de cena do Alencar cria uma situação difícil ao PT de Dilma e Lula: o fator credibilidade, o fiel da balança, e o meio de campo que tornaram possíveis, tanto o primeiro, quanto o segundo governo conservador petista, não existe mais. Terão de encontrar uma figura que inspire tanta confiança quanto o morto, e certamente não é o Temer, nem Sarney, nem ninguém do momento.
Enquanto isso, temente chutar cachorro morto, o amorfo PSDB não encontra o tom de ser oposição nem tem lugar no governo. Vive a amargura de ter sido situação e fica com cara de criança quando tem de desmamar. Não adianta fazer beicinho.