Como vivemos

Esta manhã saí para ir à farmácia. O trajeto é praticamente o mesmo, para ir aos lugares de costume. Casa Espírita, farmácia, banco, fisioterapia. Puxa, só isso?

Bem, ia distraída, observando as pessoas indo e vindo, algumas apressadas, outras como eu, aproveitando a manhã ensolarada, apesar do vento gelado.

Aos sábados, o povo dos bairros vem ao centro para irem aos bancos, fazerem suas compras, ou para apenas se distraírem do corre-corre da semana.

No meu devagar, já começando a sentir um certo cansaço, pressão nas vértebras lombares, vi aproximar-se no sentido contrário ao que ia, um casal conversando, comentando aparentemente, sobre algo visto na loja de onde voltavam. Pensei ter visto algo pendurado no tênis da mulher, sob o calcanhar. À medida que se aproximavam, percebi que não havia nada grudado no tênis. Era o próprio tênis. O pé dela é completamente virado para trás. Logo procurei com os olhos, o outro pé. Ela tem os dois pés virados para trás. Olhei para o rosto da mulher. Em sua expressão não encontrei nada que me fizesse pensar que ela se sente diferente, em função de sua deficiência, se é que se possa chamar assim.

Senti-me envergonhada. Sinto os achaques normais às pessoas de minha idade, agravados pela falta de prevenção em tempo hábil. Embora viva com restrições às atividades físicas em geral, ao nascer recebi um corpo físico perfeito. Os problemas que vamos sentindo ao longo do tempo são fruto de hábitos não muito saudáveis.

Devíamos refletir mais, enquanto é tempo, sobre nossa embalagem. Depois de sujá-la, poluí-la, rasgá-la, enchê-la de elementos estranhos, de deixarmos os cuidados preventivos para depois, coisas que poderiam melhorar a qualidade de nossas vidas, de nada adianta querermos recuperar o prejuízo.A medicina pode ajudar a mudar a aparência externa, mas as lesões orgânicas muitas vezes são irreversíveis.

Pensemos naqueles que ao nascer, já trazem um corpo físico deficiente e tentemos ensinar às novas gerações, o valor dos cuidados com a alimentação, com a prevenção, do exercício físico. Não como um modismo, mas como um modo de valorizar a vida. (11/11/06)