Poesia marginal

A bola deslizando de pé em pé, a galera gritando olé. A arte do pé alcançou onde a perfeição da mão do vôlei não chegou. A arte do futebol é seu enlevo, mas quebrei o meu joelho numa bola dividida com “Paulo Coelho”. Pintei minha mulher, mas chegou um maluco e disse “você pintou a minha mulher, ficou uma maravilha” e o pior ele comprou o quadro.

Quando eu estou escrevendo o universo num alto reverso manda o vento balbuciar as frases ao meu ouvido, já que sou um atrevido eu pago pra ver. O mundo capitalista leva-me a viagens a perder de vista e quando seqüestro alguns carbonos eu detono-me em mil fagulhas, ou em mil analistas.

A poesia apresentou-se igual a uma donzela, nem precisei trazer flores pra ela porque ela entrou com bola e tudo. Sem muita intimidade com o mar levei uma surra do concreto “Ferreira Goular” onde a Belle Époque veio desaguar na garganta de “Lima Barreto”, onde o subúrbio era o pódio dos desesperados.

Internado no hospício da lucidez ele bebeu outra vez. Poeta é aquele travesso que te vira do avesso que apronta todas com você, te eleva aos ares te transporta para os mares e mesmo assim você não quer que ele se distancie de ti.

E quando Belém não for mais visitada pelas chuvas lineares de todas as tardes, saiba o planeta deu o seu ultimato, adeus florestas de castanheiras com saudades das sucupiras pretas e os cartões postais das florestas de araucárias. Quando os seus pensamentos escapam-me e voam para o espaço eu os alcanço com o meu laço e os amarro aqui.

Os meus prantos risonhos transormam-se em sonhos que eu não quero que termine. Não! Não! Eu não esqueci de você, pois sua história é o velório de todos os meus textos. E nesta viagem à busca da grande mensagem só irei parar quando encontrar uma “filosofia” bem debatida e questionada que arranque a casca de todas as minhas feridas. E já que a minha caneta não cometeu um crime perfeito nunca alcançarei a primeira página.