Reminescências

Não sei o que me deu, mas hoje estava às reminescências.

Lembrei-me da longíqua 12 de outubro de 1984, quando eu vi pela primeira vez um vídeo game.

Ele era quadrado, retangular eu diria. Preto. ATARI era o nome. Esse mesmo da ilustração aí do lado.

Seu controles tinham um "manete" e um único botão vermelho com o diâmetro de uma moeda de 50 centavos.

A TV era preto e branca, mudada com seletor e à válvula. Ligava-se ela e esperava-se 15 minutos até esquentar.

Eu tinha recém feitos sete anos de idade e estava ali, maravilhado com aquela coisa futurística.

Meu vizinho, cujos pais tinha o poder aquisitivo um pouco melhor que os meus, haviam feito economia de DOIS ANOS, para poder presenteá-lo naquele dia da criança.

Lembro que fiquei com os olhos marejados de emoção, tristeza e cansaço, no fim daquele dia.

Emoção: Por ter visto aquele excepcional objeto pela primeira vez, onde só havia ouvido falar que o ricos podiam ter (e nos anos 80 era pura verdade).

Tristeza: Por saber que nunca ia ter um igual, devido à dificuldade socio-econômica a qual meus pais se encontravam, pois os anos de ferro da ditadura deixaram marcas irreversíveis nas classes mais baixas.

Cansaço: Por ter ficado ininterruptas 20 horas olhando para aquela tela monocrômica de "gray scale", hipnotizado, apenas piscando quando alternavam entre "River Raid", "Espace Invaders" e "Enduro".

Naquela noite, meus sonhos foram regados com as imagens e sons daquela caixa preta mágica, embora precários, contudo eu não sabia.

E hoje existe um tal de Kinect. Ah se eu soubesse...