PRATO CHEIO

Há pouco tempo escrevi um pequenino texto em que dizia da impossibilidade de fuga para onde quer que seja pois, ainda que pudéssemos nos evadir no rincão mais distante do Universo,os fantasmas todos teriam seguido conosco ao longo da viagem e permaneceriam conosco em qualquer refúgio, mesmo que este se situasse a anos-luz da casa aqui na Terra.

Em escala menor, tive nesta madrugada a comprovação disso.

Exausta de ti, exaurida para além dos limites, de ti, só queria evadir-me de ti, esquecer-me de ti, ontem, hoje, quiçá sempre e para sempre. Esquecer-me de ti, por algum amor a mim.

Nesta noite, enfrentei dragões de todo tipo pelas ruas do sonho, na tentativa de chegar ao local do teu trabalho. Coisa rara, raríssima, após lutas e batalhas espantosas consegui, enfim, chegar ao destino e reunir-me às tantas pessoas que, como eu, lá te aguardavam.

Creio ter acordado logo em seguida, sem ter te visto, sem ter visto o teu rosto. Apesar disso, acordei com certa sensação de dever cumprido, porque, nas peregrinações oníricas quase nunca consigo chegar a qualquer lugar a que me tenha destinado no início do sonho.

Sou, realmente, um prato cheio para os psicanalistas,mesmo para os psiquiatras, ortodoxos, ou não. Um prato cheio.

Na manhã e neste início de tarde de 06 de abril de 2011.