Antes fosse

"O cotidiano de um colégio público

É sempre igual

Repetitivo, monótono, e,

Paradoxal." (Racionais Mc's)

Ah! Já tive diversos sentimentos contraditórios em relação a esse grupo musical. Admirei algumas de suas canções, comentei-as com meus estudantes, filosofamos a respeito. Esta canção me aborrecia. Sempre defensora da escola pública, repudiei os adjetivos atribuídos à escola, ou melhor, ao trabalho do professor. Afinal, o que é uma escola sem o trabalho de seus mais importantes agentes, o estudante e o professor? Logo, penso que ao se falar em vida na escola, cria-se a cena com esses indivíduos.

Hoje, mal comecei o dia e desejei que os trabalhadores e estudantes da escola municipal "Tássio Silveira" e seus familiares,pessoas que nem conheço, tivessem tido a felicidade de viverem um dia "repetitivo e monótono", igual ao de ontem. Isto sim, para mim, metida a inovadora, é um desejo paradoxal.

Antes tivesse sido, meu Deus, uma quinta-feira comum na vida de todas aquelas pessoas, vítimas e algoz e demais brasileiros!

Ainda no café da manhã e,para algumas das pessoas envolvidas, sem ele, o dia já estava sendo um capítulo de horror e dor para os protagonistas do cotidiano daquela escola pública.

Hoje a lição ensinada por aquela escola é a de que se faz urgência em aprendermos a ler os sinais dos tempos difíceis que estamos vivendo. Época em que a vida de pessoas é encarada como uma tábua de tiro ao alvo para manifestação de contrariedade e do descontentamento de alguns com a monotonia de suas vidas e sua incapacidade de fazer diferente. Fica mais fácil agredir toda uma nação, destruir sonhos e famílias a encarar a própria pequenez e buscar em Deus a força da paz e da restauração. Fica mais fácil mudar o próprio cotidiano e o dos outros com um arroubo de fúria e falta de amor a si e ao outro.

Hoje, o cotidiano de uma escola pública não foi igual a nenhum outro, nem repetitivo, nem monótono. Foi paradoxal. Trabalhadores da Educação, estudantes e seus familiares e a nação brasileira acordou para mais um dia de vida comum e alguns foram levados para um pesadelo.

Oh, Deus! Que todos os nossos dias, nas escolas púlicas sejam sempre iguais: de paz e livramento.

LUCINEIA GRUGIKI
Enviado por LUCINEIA GRUGIKI em 07/04/2011
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