Arroz ou miojo?!


Acordo e me descubro só. A chuva não dá trégua na manhã cinzenta deste sábado. O jornal e a tv deitam cobertura ao possível “seqüestro” do 499 no dia anterior. Arroubo passional, dor de corno, loucura? Não sei. Seja lá o que for, a apreensão e o susto dos passageiros, que se deslocavam para o trabalho naquela manhã, foi barra. Caro leitor, já pensou se todo corno resolvesse seqüestrar ônibus? Deixa estar. Este é assunto pra uma nova crônica. 
Vivenciamos tristes dias do imprevisível comportamento humano. Crises e mais crises existenciais assolam a alma humana, se não bastasse à violência urbana repleta de assaltos, guerra do tráfico , não sendo mais exclusividade dos grandes centros. Precisamos resgatar valores e cuidar já de nossas crianças. Educação é a palavra de ordem para um futuro melhor pro nosso país.
Meu filho acorda e ainda bocejando em pé no meio da sala, descobre-se órfão de mãe neste dia. Como o time da cruz de malta estará entrando em campo dentro de algumas horas e vale vaga na libertadores, outras coisas passam meio que desapercebida nesta casa. 
Ele convida-me ir a São Januário e com muita sinceridade digo a ele que é preferível assistir na tv. Diante da insistência arremato: - Lembra aquele Vasco x Corinthians? Saímos arrasados do estádio. Ele corta o papo: Pai nem lembra. Tá bom! Vamos assistir na tv. O time realmente não é lá muito confiável.
De imediato sugeri a compra de uma quentinha de churrasco para acompanhar um arroz esperto, sua última conquista na arte culinária. Penso um tanto quanto apreensivo e pergunto: - Quantas vezes você já fez este tal arroz esperto? Ser cobaia na hora da fome é complicado (penso). Diante do silêncio, sugiro: -Não seria melhor partir pro trivial? Um miojozinho básico e bem transado (salpicado de bacon e outras coisinhas). Ele me tranqüiliza, pede um voto de confiança e vamos lá. Seja o que DEUS quiser. Ao arroz esperto.
O tempo melhora e vou a rua cumprir com a minha tarefa. Na fila para pesar a quentinha, escuto o comentário da senhora em conversa com jovem sorridente à frente:- Este rapaz merece apodrecer na cadeia. Isso não se faz meu filho.Você é jovem, bonito, deve ter sua namorada, mas nunca na sua vida faça uma coisa dessas. É desclassificante.O rapaz só faz rir, enquanto a senhora empolgada, aumenta o tom esbravejando sua indignação, diante do acontecimento que tomou conta do dia.
Retorno a casa e já sinto o aroma do arroz esperto. Em pouco tempo estamos almoçando e realmente comprovo. O arroz é simples, mas admito ficou esperto e bem melhor que o insosso e decepcionante empate de um a um entre Vasco e Juventude.

Cosme Belizário
Enviado por Cosme Belizário em 12/11/2006
Reeditado em 13/11/2006
Código do texto: T289656