REALENGO

Hoje, nos deparamos com a brutalidade ocorrida em Realengo e dentre outros.. Com a chacina ocorrida, fico a me perguntar:

Será que não somos nós os responsáveis por tanta violência, tanta desunião, falta de solidariedade, neste mundo?

Após este crime hediondo descobrimos que não havia um guarda na escola, que as crianças convivem todos os dias com drogados que frequentam a mesma escola, e é a coisa mais natural do mundo.

Hoje vemos crianças perdidas em meio ao mundo de adultos despreparados diante da atual realidade.

Quantas vidas precisarão morrer para que tomemos uma atitude digna de um ser humano , e posições que não nos corrompam e ajudem nossos jovens?

Vejo Wellington, ele poderia ser o meu vizinho ou o teu, e há quantos Wellingtons neste mundo? Só este?

Vamos levar este acontecimento pelo resto de nossas vidas, os pais destas crianças nem se fala, essa é uma dor que nem a própria alma suporta e não há nada abaixo de Deus que cure esse arrombamento interior.

Mas, ei, ficamos nós... Não é justo as pessoas continuarem indo aos presídios levarem a Bíblia Sagrada para analfabetos, acreditando que nela eles terão a salvação se nem ao menos sabem o que está escrito.

Não adianta tirar o drogado da rua se o seio da família, o pai ou a mãe é alcóolatra, não adianta eu tirar o menino da rua, se em casa os pais não tem o sustento nem para si próprio.

Não adianta tentar ajudar uma criança prostituta se toda noite ela vê a mãe com uma saia curta se exibindo para os homens que passam em sua rua.

E hoje em dia é o que mais vemos é mulher se oferecendo, é o sexo virtual, não importa quem está do outro lado, a masturbação visual tomou conta do país e os pais já perderam o controle.

Em vão, ONGS, psicólogos, policia, autoridades, se nós não nos ajudamos . Será que ninguém sabia que nesta escola não havia um guarda, um segurança, em prol da vida dos que ali estudam? E as outras escolas?

Será que ninguém sabe , até mesmo as autoridades que a droga corre solta em cada esquina que andamos?

As televisões são as primeiras a nos dar as notícias destas barbaridades, e também são unânimes a incitar as crianças a estes tipos de atitudes nas novelas que exibem.

Com isto aprendem a matar, a mentir, a roubar, usurpar e muitos adjetivos que nos deixam decepcionados, quando nos deparamos com os Wellingtons da vida.

Hoje em dia nos deparamos até com policiais, pastores, padres, professores, médicos, autoridades, traficando, roubando, matando, batendo, e a culpa será somente de Wellington? Será que não somos nós os responsáveis por esse ringue de sangue?

A culpa é somente nossa, por omissão, covardia, egoísmo, pela nossa falta de estrutura, pela nossa própria falta de respeito, de não querermos mais impor nossas condições como seres humanos, e como cidadãos. A começar dos nossos votos que barganhamos com o primeiro que aparece, acreditamos em tudo e em todos, nos deixamos levar por lorotas e conversas fiadas e hoje nos encontramos desta forma.

Lamento solidariamente pelos pais daquelas crianças, o Brasil inteiro está de luto, e as crianças que ficaram, jamais saberão explicar psicologicamente o ocorrido. Que dívida é esta entre o assassino e os assassinados?

Como dizia Khalil Gibran: Feliz do assassinado , é não ser o assassino

Por outro lado, caridade começa em casa, que possamos de agora em diante, rever nossos valores, nossas atitudes como humanos, rever a nossa chamada ¨educação¨ e se possível ir atrás daquilo que nossos tataravós, tinham como preceitos de vida, pois naquela época a nossa palavra valia muito mais que uma folha de cheque .

Que possamos aprender a ajudar o outro, saber que se eu levar o arroz e o feijão para o necessitado e se ele não souber cozinhar, em vão a minha atitude, pois ele continuará a mendigar e a passar necessidade, e hoje a necessidade do ser humano não é tanto material, e sim espiritual, pois o problema inteiro está no seio familiar.

Que possamos ter uma maior noção daquilo que a adentra em nossa casa, seja televisionado, seja visitas, amigos, que possamos colocar limites principalmente naqueles que não sabem diferenciar liberdade de libertinagem, para que nossos filhos, netos, familiares, possam ter um alicerce seguro no amanhã.

Lembremos que cada pessoa que encontramos na rua, perdidos, abandonados, esquizofrênicos, dementes, aluados, mães procurando seus filhos, filhos procurando seus pais, idosos jogados em asilos, todos eles poderiam ser um dos nossos, e isto mostra até aonde vai o nosso egoísmo.

Que possamos parar por alguns instantes e refletir sobre nós mesmos, pois queremos tanto que as pessoas mudem, mas elas mudam quando nós mudamos. Assim é o nosso país, é o nosso mundo, é o nosso lar. Não vamos mudar ninguém , mas vamos nos mudar para que o 4º milênio não inicie com o dedo em riste nos culpando novamente.

Muitas coisas só dependem de nós, de sairmos desta redoma de que nada nos acontece ou nos abala, e se nos abalamos é só no calor da hora, depois tudo volta ao normal e a balburdia continua dando ênfase a nossas vidas.

Que esses pais que perderam seus filhos, possam ter forças suficientes para atravessar a ponte da vida, pois por mais pesarosa que seja a travessia, eu com toda certeza digo que Deus estará do outro lado lhes esperando, e os que aqui ficaram, certamente reaprenderão a caminhar.

Nos ajude a nos ajudar... Só depende de nós. E aqueles que buscam um mundo melhor, ao término desta leitura, se lhe convier , leiam em alto e bom som, o Salmo 23 , em prol dos pais daquelas crianças, pois seus filhos com certeza, Deus os recebeu.

Que Deus possa nos dar sabedoria para lidar com as colheitas vindouras e que até lá nos possamos ter arregaçado as mangas e revolvido a terra para uma plantação mais sábia, pois a semeadura será sempre livre, mas a colheita será eternamente terminantemente obrigatória.