MASSACRE DO RIO

Massacre do Rio – Parte I: Vagas explicações

Depois de acompanhar de modo horrorizado as primeiras informações sobre o caso do massacre do Rio, quando o jovem Wellington Menezes de Oliveira, matou pelo menos 12 crianças a tiros e deixaram outras em estado grave, agora, estarrecido, tenho lido e ouvido inúmeros comentários, muitos dos quais bestiais, acerca do fatídico massacre na manhã de quinta-feira, do dia 07 de abril, na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste da Capital carioca.

Inúmeros especialistas das mais diversas áreas do comportamento humano surgem, sejam através de convites, sejam espontâneos, para opinar acerca do brutal episódio e o que levou o indivíduo a desenvolver tal conduta. São informações tão diversificadas que acabam confundindo a sociedade. Psicanalistas, psicólogos, psiquiatras e até sociólogos tentam através da Psicologia – e de suas ramificações – e da Sociologia encontrar a raiz do distúrbio (da esquizofrenia, transtorno delirante tipo sensitivo-paranoide de Kretschmer, ou seja qual for a doença mental) contraído pelo assassino.

Diante de tantas tentativas de diversos especialistas das mais diversas áreas da Psicologia tentar explicar a origem das Janelas Killers, as quais supostamente tenham levado o ex-aluno a cometer tamanha atrocidade, nos resta fazer alguns questionamentos. Indagações, aparentemente bem mais fáceis de serem respondidas do que essas que, em minha opinião, ainda não foram evidenciadas. Pois bem, por que toda vez que acontece esse tipo de barbárie, inúmeros profissionais, mundo afora, tentam explicar o fato, cada um à sua maneira, e investimentos não são feitos para resolver ou amenizar a problemática? Qual motivo levou o assassino a não atingir a nenhum dos professores que se encontravam ali no momento do massacre? Já que os estudiosos afirmam que tudo partiu de um trauma de infância, teria sido todos os professores do jovem bonzinho com ele, durante todo o tempo de convivência? Qual o motivo de o assassino poupar os meninos e atentar somente contra as meninas?

Massacre do Rio – Parte II: Ato de heroísmo ou de omissão?

Dias antes do massacre do Rio, a Polícia Militar de várias partes do Brasil, vinha sofrendo uma série de críticas provocadas pelo próprio despreparo de grande parte de agentes da Instituição. Aqui em Goiânia, com a Operação Sexto Mandamento (Não matarás), organizada pela Polícia Federal, com intuito de investigar agentes militares que possivelmente estariam fazendo parte de um grupo de extermínio, cerca de trinta militares, em oito viaturas da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana de Goiás - ROTAM praticou uma ação de tentativa de intimidação contra um jornal de Goiânia, passando em frente ao prédio com as sirenes e luzes das viaturas ligadas. O Governador, numa ação instantânea, afastou o comandante e mandou suspender as atividades da ROTAM, temporariamente. O acontecimento ganhou destaque nacional.

Em Manaus, policiais militares foram acusados de envolvimento na agressão a um menino de 14 anos. O caso aconteceu em agosto de 2010, mas só começou a ser investigado em fevereiro deste ano. Isso porque câmeras de segurança flagraram o momento em que os policiais cercaram o menino que, mesmo indefeso, foi alvejado à queima-roupa por várias vezes, num ato de covardia dos agentes. Seis dos sete policiais militares envolvidos no caso tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça, o sétimo está foragido.

Agora chegamos ao xis da questão: o sargento só deu uns tirinhos nas pernas do jovem ou matou o assassino das crianças do Rio? Interessante que o próprio policial, que vem, merecidamente, recebendo condecorações e promoções por ato de braveza, tem demonstrado controvérsias nas suas falas, isto é, primeiro diz ter atirado nas pernas do assassino que, na sequencia se suicidou com um tiro na cabeça, agora vendo uma entrevista dada ao Fantástico, o policial já disse ter acertado o abdômen do atirador e assassino. Inicialmente não estaria o nobre policial temendo uma repressão da sociedade por ter matado um indivíduo? Quem sabe não ouve suicídio e sim um homicídio? Claro que eu não estou tentando defender o assassino e acusar o policial, pois creio que, muitas vezes, uma guerra pode até ser justa, mas nunca a violência contra um ser indefeso poderá ser aceita. Meus questionamentos andam por outros caminhos. O que questiono é o seguinte: não teria o policial realmente dado um tiro certeiro na cabeça do assassino e, temente aos escândalos, os quais parte da Policia Militar tem se envolvido, o policial optou por se precaver omitindo as informações e agora que a sociedade o elegeu como herói está arrependido da suposta omissão? Para a sociedade é completamente admissível quando um policial atinge de modo fatal um bandido. Nessas horas – e em todas as outras – a polícia não precisa omitir. O que a sociedade, inteligentemente, não aceita é ato de covardia cometido por policiais contra inocentes, contra cidadãos de bem. Defendo que, assim como os bravos professores que, ao notar estranheza na escola, cuidaram de bloquear suas salas para proteger as crianças, o policial realmente teve um ato de braveza e é merecedor das condecorações, mas por que ele estaria distorcendo os fatos ao ponto de está perdendo credibilidade?

Massacre do Rio – Parte III (ou Final): A hora da verdade

Sempre que acontece um episódio catastrófico é sempre assim: ganha as principais páginas dos principais jornais, especialistas das mais diversas áreas polemizam o assunto e tentam dar explicações, mas o que a sociedade realmente almeja é a solução para que esses fatos não voltem a se repetir. Realmente é estarrecedora a maneira como as questões dessa natureza são tratadas no Brasil. Veja, por exemplo, o caso dos desastres naturais. As autoridades brasileiras propagavam que isso seria coisa dos outros países e que não aconteceria no Brasil. Quem não se lembra das fortes chuvas que atingiram Pernambuco e Alagoas, no Nordeste e que mataram pelo menos 51 pessoas, deixando cerca de 26 mil desabrigados e mais de 53 mil desalojados. A enxurrada destruiu mais de 11 mil casas, 79 pontes e mais de 2 mil quilômetros de estradas. A devastação nos dois Estados provocou uma comoção nacional, com envolvimento de equipes na busca por sobreviventes e campanhas para arrecadar doações até em dinheiro.

No caso especifico do Rio, como se não bastassem as fortes chuvas na Região Serrana que mataram muita gente e deixaram milhares de pessoas desabrigas precisando de doações de água potável, alimentos, roupas, cobertores, colchonetes e itens de higiene pessoal, agora foi o massacre provocado pelo jovem Wellington Menezes de Oliveira que tirou a vida de inúmeras crianças. As autoridades assistem a tudo isso e nada é feito para a prevenção de futuros casos.

Massacre dessa natureza era visto por nós como coisa de Oriental ou de norte-americano e hoje isso aconteceu embaixo do nosso nariz que sentimos até o cheiro. Para as vítimas atingidas direta ou indiretamente, cheiro de perda, de dor, de desgraça etc., para os que estavam mais distantes, cheiro de horror. E as autoridades brasileiras, quando vão começar os investimentos para amenizar ou coibir as perdas provocadas pelos desastres e pelas desgraças? Vai saber. Como anda a segurança das escolas públicas do Brasil? Será que o atirador realmente invadiu a escola, como propagam por aí ou simplesmente o deixou entrar sem nenhuma revista. A polícia devia agir era nesse sentido e não sair por aí aprontando com cidadãos de bem.

Com o massacre do Rio tenho visto tantos cientificistas buscar explicações, como quem queira resolver todos os problemas através da teoria, está na hora de eles começarem a partir para a prática e se oferecer como voluntários, em suas horas de folga, para ajudar as pessoas que possivelmente corram risco de futuramente vir a apresentar distúrbios mentais, afinal, nada custa umas horinhas de serviço voluntário.

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Gilson Vasco
Enviado por Gilson Vasco em 13/04/2011
Código do texto: T2905890
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