O SONHO DE UM PEIXE

Escrito em 08 de maio de 2008.

Nesse sábado, assim que a noite chegou com o seu fúnebre silêncio, aquele aperto bateu novamente como uma estaca...Vai ver, eu sou um vampiro! Sempre disse para os meus amigos que, depois das duas da manhã, transformo-me. Costumava ser mais tarde...Por que a cada ano que passa, se torna mais cedo?

Recebo e-mails de várias pessoas de todo o país, dizendo que em alguns momentos, se vêem em meus textos e minhas poesias. Sabe o porquê? Eu sempre sou muito sincero com o meu computador. Se eu mentir para ele, minto para mim e mentir para mim, é ser falso e...Não tenho nenhuma palavra para terminar essa frase.

Há duas semanas, meu pai pegou um velho aquário que já se transformara em uma espécie de lixo do passado na garagem. Colocou água, depois de lavá-lo bem, comprou alguns peixes. Com os dias, os pobrezinhos morreram e só um, apenas um, ficou dentro de um aquário, que para ele é o equivalente a um campo de futebol.

E ele fica sozinho, olhando para um lado...Para o outro. Procurando algo que no meio de sua solidão, traga-o alguma luz e uma desesperada fuga para uma vida paralela...Uma vida, onde, ele possa ver os corais mais belos que existem, ver um mar sem fim e sem tristezas, um mundo de conhecimento e descobertas. Ter peixinhos amigos de todas as espécies e cores, com quem possa conversar, brincar, chorar, errar, sonhar, amar, ser, ver, crer, rir e principalmente...Ter alguém. Pelo menos alguém, para quem possa dizer bom dia e receber uma resposta. Alguém que não tenha segundos pensamentos, como: me fritar ou me pescar. Alguém com quem possa revelar segredos infelizes. Alguém em quem possa ter fé, que não olhe para ele com olhos tortos de um ser faminto. Alguém que o ame incondicionalmente...

Mas, o relógio batendo no alto da parede gasta da sala, traz novamente a realidade. E ele novamente está preso em uma caixa de vidro, sem amigos, sem família, sem ninguém. Me sinto como esse peixe, queria ter poder para quebrar o vidro. Queria poder nadar sem fim, até o momento certo em que as correntes me levem para o que mais desejo. E isso, guardo para o meu mais belo coral.

Sérgio Siverly
Enviado por Sérgio Siverly em 13/04/2011
Reeditado em 03/05/2011
Código do texto: T2906577
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