Sensação de descaso, solidão e morte de crianças.

Chove muito e uma sensação de descaso, solidão e falta de alguma coisa me invadem inteira. Não está frio, é um dia agradável somente chove. Não sei se as batidas dos pingos na janela me deixam meio esquisita ou são as minhas noites mal dormidas que me atormentam. Já sei, vão me dizer: tome remédio para dormir, mas, adianta. Eu acordo e as dúvidas, aflições, sensações acordam comigo. São minhas companheiras, ao longo do dia e gostam muito das noites. Quando o silêncio aparece lá pela meia noite, os cães param de latir, os vizinhos de escutar músicas e tudo começa a ressonar, a insônia se estabelece. Com ela vêm os pensamentos desarmônicos, incoerentes, a cabeça parece que não consegue parar. Nos últimos dias, o assassinato das crianças na escola no Rio de janeiro me deixaram pior, pois sou professora.

Tentei não ver as noticias não ler, não discutir, porém não adiantou, as reportagens vieram como um soco no estômago. Talvez, todas as palavras já sido faladas ou escritas a respeito deste assunto. Porém, é doloroso refletir sobre um ser humano ( não tão humano assim), adulto que tenha matado crianças inocentes para se vingar de um tal bullyng ( sei lá como se escreve) sofrido na infância. A chuva bate na minha janela e eu penso numa frase que li na internet sobre esse acontecimento insano: “Somente deveria morrer quem tivesse uma história para contar”. Entretanto, não é que acontece, os nossos jovens e crianças estão morrendo de violência física e esquecimento amoroso, moral, psicológico,sem terem a chance de fazerem a sua história.

Há tantas leis no Brasil que não são usadas em prol do bem estar das nossas crianças e adolescentes, pois não existem policiais, fiscais ou simplesmente interesse dos governantes para que elas sejam cumpridas . Não sei, já não consigo entender certas atitudes ou palavras que vejo e escuto. Assisti na televisão, uma pessoa do meio governamental do Rio de janeiro, dizer que as escolas públicas não podem ser fechadas a comunidade, concordo em parte. Não podem ser totalmente, fechadas, mas não tão públicas que o acesso de todos seja ilimitado.

Elas devem contemplar as visitas das pessoas que pertencem ao meio escolar, porém, há um limite, precisam de muros, portões fechados com funcionários para atendimento e portas com fechaduras. Não existe educação que resista em meio a um ambiente de continua exposição a violência, descaso e achismo de políticos corruptos. Acredito que a escola é uma sociedade em miniatura, desta forma reflete tudo que nela acontece. Após, esse acontecimento, há uma continua exposição de noticias sobre escolas, alunos armados, professores agredindo alunos, tudo isso sempre aconteceu. Entretanto, agora os refletores se voltaram para nós, até quando? Não sei se é a chuva ou minha insônia, mas me sinto cansada de tudo isso.

17/03/2010

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 17/04/2011
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