Saudades daquele tempo.....

Ah, que saudade me dá do tempo que eu não sabia nada, não tinha nada, morava no sítio, dormia com as galinhas e acordava com os galos. Não tínhamos eletricidade, nem rádio a pilha, as modas da épocas aprendíamos ouvinto no alto-falante da praça, onde os enamorados ofereciam músicas românticas ao objeto do seu amor. Tevê e telefone era novidade lá na vila, só alguns possuiam, ás vezes íamos na vila dia de semana á noite só para assistir "O direito de nascer" na tevê chuviscada do bar Central. Internete? Nem sonhávamos! Aos domingos íamos na missa a tardezinha com a família e depois eu e minha irmã passeávamos de braços dados com as amigas na praça fazendo o "futing", flertando com os moços bonitos e levando cantadas tipo: Ei flor, minha mãe adoraria ser sua sogra!, ou; Esqueceram a porta do céu aberta, pois tem um anjo aqui! Essa era a ousadia da época, mas na hora que a praça lotava, no melhor do "futing" lá vinha meu pai chamando prá ir embora, e não tinha negociação, ele chamava só uma vez e pegava o rumo do sítio e nós a contra gosto o acompanhávamos. Que raiva! Drogas? Nunca tínhamos ouvido falar de maconha, cocaina, craque....só de drogas lícitas como bebida e fumo. Nossos medos era de cobra, cachorro louco, vaca brava e assombração, pode? Tínhamos pouca roupa, um par de sapatos cada, poucos trens de cozinha, pouca comida, mas muita ânsia de viver. Hoje, depois de viver tanto e aprender muito, não tenho mais medo de cobra, cachorro louco, vaca brava e assombração, mas tenho medo de atravessar a rua, de parar em semáforos, de sacar dinheiro no banco, da poluição, de raios ultravioleta e as desgraças do mundo que nos chega através do rádio, tevê e internete nos deixa tristes e desesperançados, se pudesse eu trocaria de bom grado tudo o que tenho agora pelo quase nada daquela época.

Madaja Dibithi
Enviado por Madaja Dibithi em 17/04/2011
Código do texto: T2914314
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