Saquinhos Plásticos e o Lixo Caseiro

Os supermercados brasileiros começaram uma campanha contra os saquinhos plásticos para mercadorias, denunciando sua nocividade antiecológica, e sugerindo sua substituição por sacolas ecológicas de pano ou outro material biodegradável.

É óbvio que produtos plásticos em geral, lançados à natureza, levam anos para serem absorvidos, causando problemas diversos, mas eu indago: ”Como os brasileiros descartarão seu lixo doméstico, atualmente acondicionado nos saquinhos de supermercados?”

A praticidade dos atuais saquinhos é inquestionável. É tendencioso esse argumento de que eles são maléficos, pois o lixo hoje nas usinas é selecionado por processo eletrônico, que separa vidro, metal, plástico e material orgânico reciclável.

Desconfio que essa campanha esconde interesses comerciais de empresas, e dos próprios supermercados, que desejam faturar com a venda das tais sacolas, cuja fabricação tem custo mais elevado do que o dos próprios saquinhos, cuja matéria-prima de produção é subproduto barato do petróleo.

Lançar o lixo em sacos plásticos pretos, brancos e azuis, de vários tamanhos, vai custar muito mais ao orçamento doméstico, além de que o uso otimizado dos mesmos obriga o consumidor a armazenar o lixo dentro de casa até que eles fiquem cheios, o que causa mau cheiro, propagação de doenças e atração de insetos e animais. E, acaso, esses sacos também não seriam antiecológicos?

Transformar em vilões os tão úteis saquinhos plásticos é fácil, na onda da defesa do equilíbrio ecológico, mas o que me incomoda é o fato de que pouca gente abre a boca para questionar essa manobra comercial.

Perguntei a várias atendentes nos caixas de supermercados, que oferecem as sacolas, sobre o lugar onde passariam a guardar seu lixo caseiro, e nenhuma delas soube responder.

Pois, então, que se danem os consumidores, pois, no Brasil, tudo que é bom e prático para os consumidores incomoda aos produtores, que logo desconfiam de que há algo errado que precisa ser corrigido, pois, desde quando o interesse do consumidor deve prevalecer sobre os interesses do mercado?

P.S. Eu tinha meus 10 a 14 anos, quando meus pais, no interior de Minas Gerais, me pediam que fosse ao armazém fazer compras, e me davam uma sacola de pano reforçada. Isso há 50 anos, que é o tempo a que estamos regredindo...

Feichas Martins
Enviado por Feichas Martins em 18/04/2011
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