Eu não merecia....

É comum afirmarmos, diante de algum acontecimento que nos desagrade, afirmarmos que não merecíamos aquilo.

Até algum tempo atrás, eu também reagia assim. Muitas vezes perguntei “por que comigo?” Hoje entendo que tudo que me envolve, é porque me deixo envolver. Nada é injusto.

Depois de refletir, penso que devo ter feito por merecer e considero também que aprendi muito sobre mim mesma. Ainda sou intolerante, mas tento controlar minha impaciência com os demais.

Penso que se pudesse voltar atrás, mudaria poucas coisas. As que me machucaram, também me proporcionaram momentos felizes, em algum momento. Se machucaram, foi justamente pela felicidade que cessou por algum motivo, pelo fim daquilo que os gerava.

Aceitar os momentos menos felizes, o fim de relacionamentos não é fácil. No princípio geralmente, culpamos o outro. Revoltamo-nos contra a decisão tomada, muitas vezes sem nada que antecipe essa possibilidade. Nos pega de imprevisto. Aí é doloroso.

Mas, ainda assim, como toda decisão, um dia temos que aceitá-la e, afirmo por experiência própria, quanto antes, melhor. Menos nos desgastamos. Há um tempo necessário para o refazimento emocional, mais ou menos longo, que varia de pessoa para pessoa. E, enquanto essa fase não acaba, melhor é mantermo-nos atentas a nós mesmas. Aproveitarmos para uma auto-análise, não nos precipitarmos em busca de nova relação.

Coração machucado é frágil, não discerne. Nossa lucidez está um tanto embotada e entrarmos em nova relação antes do fim do “período de luto”, inerente a toda e qualquer perda, acaba apenas por aumentar o vazio sentimental, juntando decepção após decepção e, ao invés de nos darmos a oportunidade de um novo e sadio envolvimento, acabamos enrijecendo-nos e nos fechando no casulo.

Seja qual for nosso modo de agir, as conseqüências são sempre proporcionais e merecidas. Quando não, necessárias. (200906)