NINITA

Ninguém a conhecia naquela rua ou naquela cidade,

Havia se mudado na segunda feira e agora já era uma sexta feira, final de semana e todo esse tempo tinham ficado entre as quatro paredes do novo ninho a ajudar seus pais na pintura e arrumação de toda a tralha doméstica.

Era a primeira vez que punha os pés na rua e a examinava com cuidado. Antes de qualquer coisa precisava saber como era sua nova rua e seu futuro novo mundo, precisava dar uma volta e ver como era o lugar onde iria viver por não sabia quanto tempo.

Era uma rua como outra qualquer rua de bairro de periferia.

Não era muito diferente de sua antiga rua lá no nordeste.

E foi nesse momento que se lembrou de Ronaldo. Foi um lembrar suave e meio choroso. Havia conhecido o rapaz pouco depois das férias de julho e depois de dois ou três dias começaram a namorar.

No começo foi aquele namoro de mãozinhas dadas, de ficarem conversando trivialidades, comentando os filmes que passavam e as aulas.

Depois e numa certa tarde, numa das vezes que fora com ele ao cinema sentira que Ronaldo lhe acarinhava as coxas. Nem sentira que ele lhe suspendera a saia. Sentira que o calor e a delicadeza de sua mão fizeram com que, insensivelmente, entreabrisse as pernas, quando sentiu que os dedos de Ronaldo lhe apertavam com delicadeza sua coxa.

Retraiu-se e sua mão procurou, imediatamente, afastar aquela mão gostosa de suas coxas.

Por dois ou três dias seguidos não se encontraram.

Foi só, quase duas semanas após aquela sessão e cinema é que tiveram aquele encontro. Foi maravilhoso. Ronaldo, com a delicadeza que lhe era peculiar, a encostara naquela mureta e lhe beijara. Foi um beijo grande, suas línguas se entrelaçaram e os lábios e língua de Ronaldo beijaram e acariciaram seu pescoço quando sua língua lhe fez uma carícia maravilhosa em suas orelhas.

Seu corpo vibrou por inteiro e sua reação foi abraçar-se ao rapaz, retribuir os beijos e fazer com que seu corpo se colasse ao do namorado.

E ela parando, olhou ao redor e pensou, murmurando baixinho para si mesma.

- Aqui me parece mais arrumado. As casas são mais novas e todas com um jardim a lhes separar da calçada que era bem larga e toda arborizada. O sol era menos intenso, mesmo naquele inicio de tarde de um verão que prometia muita praia ou piscina.

E ela, após olhar para um lado e outro, escolheu, ao acaso, o lado direito e começou a andar sem ir a lugar algum, queria tão e somente andar para apanhar um pouco de sol e sair daquele insuportável cheiro de tinta. Ia distraída e pensando na cidade em que sempre vivera até que seu pai fora transferido e mudara-se de armas e bagagens para aquela cidade que diziam ser uma das mais promissoras daquele Estado que nunca ouvira falar.

E, de repente, lhe veio novamente a lembrança.

Estava abraçada a Ronaldo e esse lhe acariciava o corpo, a bunda e as coxas enquanto a beijava de maneira sensacional.

Sentiu que as mãos de Ronaldo lhe suspendiam a saia ao mesmo tempo em que sentia a delicadeza daquelas mãos a lhe acariciarem suas coxas ao vivo. Foi delirante.

Sentiu as mãos de Ronaldo a lhe acariciarem a bunda por sob a calcinha quando seus dedos percorriam entre suas nádegas até fazerem uma coceirinha gostoza em seu cuzinho. Arrepiou-se toda.

E ela ia distraída num caminhar de passos calmos. Não sabia onde estava, sabia, no entanto que ainda estava na rua de sua casa mesmo já tendo atravessado inúmeras ruazinhas.

Foi quando foi surpreendida por aquela voz desconhecida.

- Boa tarde. Você mudou-se recentemente praquela casa ali perto da igreja, não é...? Chamam-me de Zé Mauricio. Moro ali perto também.

- É... Mudamo-nos na segunda... Hoje é que to saindo pela primeira vez...

E continuou sua caminhada sem dizer mais nada e sem nem olhar pra seu interlocutor.

E continuou a pensar em Ronaldo deixado lá nas Alagoas.

Aquelas caricias que recebia na bunda e nas coxas eram sensacionais. E Ronaldo, separando-se ligeiramente dela e após lhe acarinhar o rosto, segurou sua mão a fazendo, delicadamente, segurar sua caceta, tesa feito uma barra de ferro e suave quanto um maço de algodão. E ela, instintivamente, punhetou aquele caralho. Foi delicioso. Mais delicioso anda foi quando Ronaldo pôs aquela rola entre suas coxas e fez uns deliciosos movimentos de entra-e-sai de suas coxas e o sublime foi um pouco mais além, quando sentiu um arrepio e um estremeço ao mesmo tempo em que sentiu que suas coxas e sua calcinha estavam sendo inundadas por um líquido meio pegajoso e quente. Foram diversas golfadas sendo que cada uma delas foi seguida de beijos estonteantes.

E dado mais uns dez passos Zé Mauricio voltou novamente à carga.

- Ceis vieram donde? Também num sou daqui não. Meu pessoal mudou-se tem mais de semana...

- Maceió...

- Nós de Corumbá... Pai foi transferido... e viemos parar aqui. A cidadezinha não é ruim não... O povo é muito amigo... Tamos caminhando tem mais de meia hora... Mais ali na frente tem uma pracinha com um barzinho... Vamos tomar um sorvete...?

- Até que num é ruim não... Chamam-me de Ninita.

Foi aí que ela virou o rosto em direção ao rapaz. Ele era alto, cabelos negros como que despenteados e a barba por fazer, vestia uma calça jeans meio desbotado e camisa de meia sem mangas, e gola; sandálias de dedo, aquele estilo meio relaxado. Mesmo assim podia-se dizer que era um rapaz bonito.

Foi aí que Ninita prestou um pouco de atenção naquele rapaz quando veio-lhe a lembrança de Ronaldo. O jeito meio relaxado era o mesmo, a altura, talvez um pouco maior. A diferença estava mesmo nos cabelos, Ronaldo era moreno e de olhos escuros.

Foi aí que ela perguntou.

- Qual é mesmo o seu nome?

No que ele, prontamente, respondeu.

- Zé Mauricio, Ninita.

Já sentados e cada um com sua taça de sorvete a conversa foi brotando e uma meia hora depois já conversavam como velhos conhecidos.

- O pai é servidor público federal, veio transferido... Eu e a irmã já estamos matriculados na UFES..., daqui um mês o batente começa... Daqui lá na UFES é uma barra. Os ônibus são ruins e lentos... Aqui não tem faixa pra eles... E você?

- Pai arrumou tudo antes de virmos. Veio na frente e viu tudo. Agora, depois de toda a mudança aqui é que mãe, eu e Zé Carlos viemos... Vou terminar o segundo grau no Darwin, o Zeca vai pra lá também.

- O colégio, dizem ser muito bom. É perto lá da UFES. Nossa condução vai ser a mesma...

E a conversa foi se arrastando morna e interessante até que Ninita falou.

- É melhor a gente ir... Ta querendo escurecer.

- Verdade. Vamos, sua mãe já deve ta uma arara

- Capaz mesmo, saí logo depois do almoço...,são quase sete... Não conhecemos nada por aqui..., foi a primeira vez que saí...

E quando Ninita chegou ao portão de sua casa seus pais estavam sentados na varandinha num papo descontraído.

- Até que em fim você voltou... Estávamos preocupados, já ta anoitecendo...

- É... No meio da caminhada fiquei conhecendo o Zé Maurício, eles também se mudaram há pouco tempo... Conversamos e ele levou-me pra tomar um sorvete ali na pracinha.

E virando-se para Zé Mauricio, falou.

- Até outra. Deixa-me entrar, to morta de cansaço e sono.

REGIS BONINO MOREIRA
Enviado por REGIS BONINO MOREIRA em 24/04/2011
Código do texto: T2928837
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