Crônicas de um P.A - A arte de negociar

Emergência de um hospital publico, Brasília, DF, 20 de abril de 2011, 04Hrs 27m.

O seguinte dialogo foi testemunhado apenas pelo o ouvir :

- Mamãe não me da injeção não! Eu prometo comer verdura, cenoura, tudo que vc mandar!

- Calma filha não vai doer!

- Não vai? Então porque aquele menino esta chorando?! (touche!)

- Filha e pra você ficar boa...

- Mas eu to boa mamãe. Olha com eu to acordada! (touche II a missão!)

- A febre não passou filha!

- Mamãe to ate com calor, não to mais com frio!

Nesse segundo acredito que a agulha na bandeja se aproximou. O tom de voz dela sobe, a tensão não voz fina de menina se eleva, percebe-se que ela vê o inevitável se aproximar.

- Não espera um pouco, só um pouco!

Acho que esperaram dessa vez, nesse segundo o cronista confessa, eu torcia com todas a minhas forças pra que ela não tomasse aquela agulhada. Uma segunda aproximação, cadeira se arrastando como se posições fossem tomadas:

- Espera só mais um pouquinho, deixa eu me preparar!

Nesse segundo eu já queria entrar na sala e proibir os monstros de darem injeção nessa pobre criança! A minha causa esta montada, não machuquem essa menina! Tudo em mim queria gritar isso. Uma terceira e ultima investida, o arrastar de cadeiras se fez mais forte, mais posições sendo tomadas, o barulho das batidas na seringa para se retirar as bolhas. Nossa heroína pedindo havidamente mais alguns segundos, foi quando ouvi a frase:

- Espera , espera mais um pouquinho, bem pouquinho, Vamos negociar!

Seguido de um grito forte, dolorido e sentido.

Esse foi somente o segundo dia de plantão!

Acredito que haverão outras estórias, muitas outras...