REMISSÃO

Tenho que sair com a preocupação dorida de procurar aonde ir. Vivo em uma cidade, onde não há passo em falso a se dar, se de um lado o pensamento é livre e argumentado, do outro, além dele, só o espírito pode andar livremente. Os guetos são reflexos de máximas impostas por meu comportamento. Oprimi os decadentes, não dei chance de remissão a seus deslizes, com isso, fortaleci suas posições e reforcei a dogmagogia dos religiosos de plantão. Prisioneiro de mim mesmo me tornei, sem chaves ao alcance, arrasto minhas correntes: carcereiro da minha opção.

Pouco me sobra em espaço. Minha culpa, minha máxima culpa. As torres me cercaram e o peão a qualquer momento gritará minha derrocada. A mídia vende farelo à máscara de ouro, o embusteiro governa com altruísmo capcioso, as campanhas têm o subtexto falaz, ardiloso. Não posso me opor simplesmente, ou é tudo o que posso. Não tenho intenção de misturar-me ao rude, mas também não vislumbro um horizonte menos nebuloso se não reagir a isso. De certa forma meu maior pesadelo torna-se paliativo à medida que os “profetas do apocalipse” os enquadram e os fazem recuar pelo temor, cobram taxas pesadas pagas em suor, mas os fazem recuar. Precisam deste método doutrinário pra que não excedam a largos passos a ilusão. Compadeço-me, mas reafirmo a importância do método, é como se óleo de copaíba fosse entornado propositalmente sobre o pudim de suculenta calda para evitar seu consumo ao diabético. Depois veremos os agraves e os atenuantes para se formar o “juízo”.

Anderson Du Valle
Enviado por Anderson Du Valle em 27/04/2011
Reeditado em 27/06/2011
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