COMEMORAÇÃO DE RICO

Ontem foi o meu aniversário. Fiz 45 anos bem vividos. Acordei cedo, brinquei com a minha cadelinha enquanto tomava uns tragos e depois fui escolhendo mentalmente as músicas que mais gosto. Inexplicavelmente, uma alegria tomava conta de mim no decorrer do dia.

À tardezinha, como de costume, fui para a praça com o meu violão. Entoei canções apaixonadas, escolhidas a dedo, e notei que as pessoas pareciam mais felizes. Até me olhavam!!! E nisso pude perceber sorrisos nos rostos e a generosidade saindo dos bolsos, pois da latinha que sempre carrego comigo, o som de moedinhas caindo não cessava.

De vez em quando, sem parar de dedilhar as cordas do violão, eu olhava para baixo e via as moedas se amontoando.

Mais tarde, jantei fora.

Não tenho hábito de jantar, mas decidi fazê-lo porque era uma ocasião especial. Seria um jantar para comemorar o meu aniversário. E como a ocasião exigia, decidi saborear um prato delicioso: macarrão, coxa de frango frita e batatinha cozida na água e sal, a batatinha do jeito que eu faço em casa. Não precisava de mais nada.

O restaurante estava lotado. Como de costume, entrei pela porta dos fundos porque conhecia o dono do estabelecimento de longa data. E também, na minha condição, se entrasse pelo salão, as pessoas me olhariam atravessado, com repulsa até. Eu causaria constrangimento, com certeza!

O garçom estranhou o meu pedido. Logo eu, que sempre chegava com as moedinhas contadas. O suficiente apenas para um pão com manteiga e um cafezinho. Ele me olhou desconfiado, mas foi generoso ao me servir quando me viu contando mais de vinte reais em moedas.

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