DE SELEÇÕES E DE CRAQUES

OBS: Crônica publicada no Lance Activo, no dia 10 de julho de 2010

DE SELEÇÕES E DE CRAQUES

Desde o início da Copa, a mídia fez esforços gigantescos, para convencer aos torcedores em geral, de que pelo menos uma das seleções que disputavam o torneio, eram times de excelência e que contavam com alguns craques. Começou com o Brasil, elevando principalmente Kaká e Robinho, à condição de craques. Mesmo agora, com o time eliminado, em nenhum momento ela admite, que os dois sejam apenas e no máximo, bons jogadores. Ela minimiza a má atuação de Kaká, dizendo que ele estava fora das melhores condições e tenta nos convencer, que Robinho fez boas atuações; o que em minha opinião, somente ela (mídia), viu...

Na rebarba do Brasil, a mídia tentou elevar Portugal ao mesmo patamar. O mesmo Portugal, que ficou por todo o tempo, escudado no suposto talento de um suposto craque, chamado Cristiano Ronaldo. Este, mesmo sendo mal escalado e mal aproveitado na sua seleção, está longe de ser craque... Ambos, Brasil e`Portugal, ficaram então pelo caminho, juntamente com os seus craques de mentira e com os seus coadjuvantes, de péssima qualidade...

A mídia então, descobriu a Inglaterra. Baseada nas ótimas atuações do time da rainha, no período imediatamente anterior à Copa, ela

descobriu que Rooney, Lampard e Gerrard, eram cracaços. Com um time limitado pelas contusões de uns e a pouca técnica de outros, além também de mal escalado pelo seu técnico, o time inglês mostrou um Rooney solitário e mal condicionado. O resultado, foi o naufrágio da nau inglesa nas águas da África do Sul, provocado pela artilharia alemã...

A seleção Argentina, apesar da má vontade da nossa imprensa, também foi destacada como um grande time. Como porém, um time sem defesa não consegue andar muito longe, a Argentina caiu. Caiu levando junto, Messi e Maradona; os dois de mãos dadas...

A seguir então, a mídia inventou a Holanda. Mesmo após, quase ser eliminada pelo medíocre time brasileiro, a mídia transformou uma

equipe, quase tão medíocre quanto a nossa, em um time muito bom, um time muito frio, um time muito paciente e que conta com dois

craques (?), do calibre de Robben e Sneijder. Estes, são outros dois exemplos de jogadores de bom nível, que vivem de lâmpejos e que foram elevados ao patamar dos craques. A imprensa, tão preocupada em descobrir a Holanda, nunca deu ênfase ao pragmatismo e à mediocridade do seu jogo, que precisou achar dois gols contra a seleção do Dunga e que sofreu (apesar da mídia dizer o contrário), para passar pelo desfalcado Uruguai e chegar à finalíssima. Devemos lembrar ainda, que a Celeste tinha Forlan nitidamente sentindo dores e jogou sem quatro dos seus titulares; Lugano, Fucili, Lodeiro e Soares, todos, muito bons jogadores...

Como os bons times e os craques, tinham que ser encontrados de qualquer modo, que tal apontar agora a Alemanha? A Alemanha da raça e da disciplina tática. A Alemanha que conta com quatro "jovens craques que ninguém conhecia"... Todos, jogadores de meio campo e chamados Schweinsteiger, Khedira, Ozil e Muller; um meio campo fantástico, segundo a mídia... Pois este time, perdeu. Foi derrotado pela Espanha. Pela Espanha que, como diz a mídia, "sempre morre na praia"... Pela Espanha que "até joga um futebol de bom nível"... Pela Espanha dos muitos toques de bola, dos muitos deslocamentos, dos passes curtos e certeiros e dos dribles sutis e desconcertantes... A Espanha, cujos jogadores, não batem na bola; nunca... eles apenas, tocam nela, gentilmente... com carinho...

O grande craque (craque de verdade), Johan Cruyff, chocou e irritou a maioria dos brasileiros, ao declarar que não pagaria ingresso, para

ver jogar esse timeco do Dunga. Pergunta ele, com razão, onde está o verdadeiro futebol brasileiro; onde está a magia?... Eu responderia a

ele, que a magia continua viva e que o futebol brasileiro, continua brilhando. Se ele quiser assistir ao verdadeiro futebol do Brasil, basta

apenas adquirir o ingresso... e assistir a Espanha jogar... Mesmo que perca a decisão para a Holanda, o selecionado espanhol, aprendeu

a jogar o mágico futebol brasileiro. O futebol que o Brasil, através dos Dungas e dos Jorginhos da vida (e de outros que tais), exilou em algum lugar esquecido...

Sergio Pantoja
Enviado por Sergio Pantoja em 29/04/2011
Código do texto: T2939151
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