GLOBALIZAÇÃO - UM INSTANTE REALEZA

Qualquer um de nós pode estar fadado à inserção ao chamado mundo globalizado, onde, por exemplo, se vive o consumismo, perde-se a noção de cultura própria e sei lá mais o quê, se deixar levar pela ilusão do que é interessante.... A questão, diz meu amigo intelectual Marcos Fernandes: escapar desse flagelo humano, não se traduz a resistência à modernização ao novo mundo da informação, sem o auxílio luxuoso de um computador, não é isso não!

Evidente esse avanço é benigno e facilita a produção em todas as áreas de conhecimento e comunicação, da literatura à medicina, ficar com esse medíocre discurso que se resiste a grandeza do progresso é clichê. Acrescento mais, essas pessoas que vão por esse caminho, vendadas, não podem mesmo enxergar a manobra da questão... Verdade deva ser dita, Barnabé, aqui do lado de fora do quarto onde estou digitando essa crônica, pela janela que nos permite uma interatividade, insiste que eu acrescente na mesma os últimos versos de uma estrofe que estou organizando para uma peça de teatro que já está pensada - mas calma amigo, estou escrevendo uma crônica sobre globalização. Ainda assim ele insiste - vamos interagir para dá ênfase a essa história.

Oportunamente lembrei que meu professor de informática, costuma frisar, que não adianta somente comprar computadores sem investimento na humanização, vai mais além do muro da escola, ou coisa que valha, pois o computador não representa o braço do homem.

Todavia, sutilmente, não, de forma escancarada uma notícia rotineira pode se tornar de interesse a todos na telinha, e tudo será feito para que ninguém, ou melhor, quase ninguém venha questionar que o casamento de um casal da realeza inglesa seja fato que vá mudar nossas vidas, do exemplo da roupa ao cardápio em pleno abril de 2011.

É vero, não sei se precisa ser super dotado para compreender tal manobra, levar o mundo ocidental no jabá e incutir na cabeça de cada um, que a vida folclórica dos ingleses, num momento de cotidiano da realeza torne-se o exemplo infalível e inegável de audiência... Ora qualquer cultura pode se expressar e ter a divulgação a medida de sua notoriedade. Por outro lado, um fato de real interesse comum, como por exemplo - se um autor de excelência “pesquisador” torna público um tratado geral de saúde para que todos vivam até 1000 anos chegando ao final do milênio de vida, sem sofrimento e tem sua obra chancelada por todos os conselhos de medicina e científicos dos quatro cantos do mundo e ainda o quinto o virtual: ha, há, há...De sorte, então o mundo poderia se curvar para ouvir a palestra e sem jabá. Penso que todos procurariam um cantinho no sofá, na cadeira, no banco, sei lá onde, se dava um jeito de assistir. Bem, mas fabricar a necessidade creio eu e o Barnabé, esse amigo que gosta de crônicas, que é de lascar, coisa de amizade ha ha ha mas não elimina o ponto de vista comum, entendermos, o que poderia ter um valor folclórico se banaliza pela usurpação do espaço público, isso de fato para nós é globalização, perversamente - uma forma implacável de eliminar o pensar e fazer milhões a discutir o sexo dos anjo, vixe!

Entendo que estamos às vésperas de uma revolução comparável à descoberta do fogo ou do alfabeto ou algo nessa escala, a implementação do mundo virtual que estamos hoje vivenciando. Não é só uma invenção técnica, como o trem, a máquina a vapor ou a luz elétrica. Essas invenções não mudaram fundamentalmente a condição do homem do ponto de vista ontológico, em sua relação com a realidade, o virtual por outro lado muda a postura do homem, em relação a ele próprio, aos outros e ao mundo.

Então o bicho é esse globalização, é se ter uma infinidade de informação e transformá-las numa bomba capaz de eliminar a possibilidade de se abstrair do comando dos deuses, e...Fabricar a notícia que interessa.

Finalmente gostaria de reportar aos leitores em minha crônica o diálogo "real", no sentido que é verdadeiro, não foi montado e que gravei involuntariamente no meu celular, pois fui tentar ouvir uma canção no fone de ouvido e apertei o botão de Record, ao parar na calçada de um supermercado, onde fica a banca de revista que costumo freqüentar, foi quando mais tarde notei que tinha gravado isto:

- Luiza minha querida, você viu que coisa linda! O gesto de continência do príncipe.

- Certamente Madalena, principalmente o significado do gesto, me aguarde que vai ter mais.

Ah sim! E teve mesmo, mudei de canal só pra ver, foi tanta coisa, que um só não dava conta. Foi um "most"! Mulher.

- Exato, foi tudo "most total" mesmo, num faltou nada.

Bem está terminado caro leitor, mas Barnabé outra vez pelo lado de fora da janela sugere os versos, então não vejo saída, espero que dê sentido:

“Ser artista pelo desejo do invento,

navegando na vida árdua e crua,

substantivada de palavras e movimentos,

e peregrinar em versos toda a aventura.”

Omar Botelho
Enviado por Omar Botelho em 30/04/2011
Reeditado em 18/01/2012
Código do texto: T2939840
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