Quem tem medo de clichês?

Nunca escrevi uma crônica, não me atrevo a tanto. Todavia, às vezes bate uma vontade de conversar um pouco com vocês. Escrever o que penso, embora possa não interessar à maioria, alguém há de gostar.

Há muito tempo implico com a aversão moderna ao famoso clichê, ou lugar comum.

Outro dia ao publicar um texto, usei a frase: “Enquanto há vida, há esperança. Linda. Adoro.

Assim como enquanto há vida, há esperança, a felicidade não se compra.

Dois chavões no melhor estilo para quem gosta, e motivo de repulsa por uma parte de intelectuais que rejeitam tenazmente estas expressões populares, batidas.

Não é que eu tenha preferência por este tipo de comunicação escrita ou falada, não mesmo.

Mas se tem uma frase perfeita como enquanto há vida, há esperança, porque ficarei buscando outras que não terão a mesma força?

E ainda ouso afirmar do alto da minha ignorância literária, que se um palestrante de auto-ajuda, falar durante uma hora sobre a importância da esperança e do otimismo em épocas de crise, por exemplo, e encerrar a palestra com aquela frase, certamente o público vai gravar a frase, para relembrar nos momentos que precisa.

E quanto à frase A felicidade não se compra? Linda, para dizer o mínimo. Titulo de um dos mais emocionantes e bem feitos filmes que já assisti_ umas quatro ou cinco vezes_, com o ator James Stewart.

É um clássico, recomendo.

Ok, mas e aí como é que fica, vamos empobrecer nossa escrita e nossa palavra?

Claro que não, mas não tem como ignorar ou querer mudar maneiras de se expressar consagradas e válidas. Sim, porque não tem como duvidar que enquanto há vida há esperança e que a felicidade não se compra.

Pode-se discutir sobre o poder do dinheiro, mas no final, bem no finalzinho não temos como ignorar que a felicidade independe do dinheiro. Conheço muitos exemplos que não cabe enumerar por hoje.

Quem padece de sofrimentos da mente, sabe que em crise, fica melhor em casa do que em Nova York, hospedado em frente ao Central Park, por exemplo.

Infelizmente o dinheiro não consegue fazer com que a gente saia e deixe os problemas e dores em casa.

Eles vão junto. Sempre.

Não tenho nada contra intelectuais, ao contrário, admiro-os, e sempre que tenho oportunidade presto atenção para aprender mais.

Os devotos da linguagem original e pura de influências vulgares, dizem que usar clichês é ter medo do novo, de ousar, de ser original. Será?

Será que a preocupação constante com a originalidade não se tornou um comportamento clichê?

E a espontaneidade, a limpidez de pensamento, a clareza de poder comunicar-se com pessoas de todas as culturas, como fica?

Dizem que samambaias e poodles estão fora de moda. Como pode?

Quando eu penso que já vi de tudo, me defronto com esta barbaridade.

Com a ditadura de sermos de uma determinada maneira, sempre politicamente corretos, cuidando cada palavra porque pode pegar mal, já temos gente fora de moda, os bregas.

Categoria na qual me incluo. Talvez a nova brega, a brega pós-moderna.

O brega que não tem medo de ser como é.

Tenho em casa uma poodle decadente, agora só falta comprar uma samambaia....

Jeanne Geyer
Enviado por Jeanne Geyer em 02/05/2011
Código do texto: T2944251
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