Meus filhos em minha vida

Quando era criança nunca me imaginei pai.

Também nem sabia o que era isso.

Um dia fiquei pai, que perplexidade!

Com meu amor plantei uma vida, depois outras, ao todo seis.

Não havia uma escola de pais, tive que ser autodidata.

Enquanto ensinava meus filhos ia aprendendo com eles.

Aprendi a sorrir na frente de uma árvore de Natal.

A sentar no chão desembrulhar presentes e brincar com eles.

Não bastava dar os presentes, tinha que dar vida a eles.

Uma vez fui um desengonçado Homem Aranha .

Fui Principe e ate Dinossáuros.

Não esqueci cada papel que representei para fugir do papel principal, o de pai.

Hoje, desembrulho meus pacotes de lembranças e revejo carinhas alegres, carinhas tristes chorando, carinhas apaixonadas Inaugurando o amor.

Meus filhos foram sempre presentes em minha vida, nos dois sentidos. Me lembro de um que com sua mesada me comprou uma gravata. Tinha listras douradas, eu a pendurei no pescoço de minhas lembranças e nunca mais tirei.

Fui visita e tomei chá imaginário nas festas das bonecas.

Uma vez fotografei um cachorrinho lambendo um filho, o cão era mais carinhoso do que jamais consegui ser.

Vi um filho ganhar uma bicicleta com rodinhas laterais e exigir que as tirasse, seu eu cair, pai, eu levanto.

Um filho carinhoso empurrou minha cadeira de roda, por um corredor comprido de hospital.

Cada um tinha sua maneira de me amar diferente do outro.

Em uma coisa eram todos iguais, a maneira que me viam em seus primeiros desenhos com lapiz colorido.

Era sempre de pernas finas e braços ainda mais finos abertos em abraço. Eu achava lindos e nunca confessei que pareciam espantalhos.

Esses espantalhos hoje, espantam minha tristeza que querem devorar minha alma.

Segurei a mão de todos , protegendo -os para atravessar ruas.

Hoje são suas mãos que me protegem para eu atravessar a vida.