Coisas que se vêem por aí...

A dor que Dostoiévski porventura sentira quando da elaboração de sua espetacular obra, provavelmente seja a dor mais humana que um humano possa sentir.

Estava andando na avenida, triste que só um triste pode ser, quando notei à frente alguém atravessando a rua velozmente. Não era uma pessoa comum, era alguém muito magro, curvado, cabeça raspada, pernas maiores que o tronco e com máscara cirúrgica e luvas, tudo, inclusive suas roupas e sua pele, muito pálido.

Confesso que fiquei com essa imagem cravada na mente! Perdi a fome, a sede, o sono e o desejo!

Quem seria aquele cidadão, ao qual nem sequer se identificara o sexo, se homem ou mulher.

Visão assim faz com que qualquer homem orgulhoso de si perca a razão.

Não tão profundo, no que diz respeito à saúde, que é o que mais temos de valor, é a questão da falta de dignidade humana com que outros vivem.

Um rapaz de dezesseis anos, que tem apenas a qualificação e a incumbência de guardar carros nas ruas de Ribeirão Preto. Seu pagamento: um prato de comida! E ele sai feliz da vida. A comida, todos os dias, às duas da tarde, quando busca num restaurante, o qual tem de aguardar o último cliente, corre feito louco calçada à fora, com um jaleco de segurança, todo puído e maior que ele, corre “em busca de seu prato de comida”, o último do bar, seu primeiro e último do dia. É o restolho da comida dos outros que o mantém!

Aí fico a pensar: será que ele nasceu sem qualificações, sem família e estrutura, não teve condições de estudar, ou ele mesmo que trilhou este caminho ao qual agora corre em busca de seu primeiro e único prato de comida do dia?

Será que a sociedade, ou o meio em que vive fez com crescesse desta forma? Será que não se esforçou de forma a tentar mudar o rumo de seus dias?

Será que é doente?

O que fez com se tornasse o que é agora?

Existe a questão genética?

Social?

Política?

Afetiva?

Psicológica?

Vai saber!

E o Brasil está preocupado com isso?!

E você, o que quer saber:

Se o Santos ganha do Corinthians, ou se o resultado das ações da Petrobras vão de acordo com o previsto, se o homem chega à marte até 2.040, se o próximo Big Brother de “George Orwell” vai demorar ou se vai ter o que comer no jantar?!

Será que a fatura futura da t.v. futura vai dar futuro?

Será que os Los Angeles Lakers vão ganhar a NBA?

Será que o ser humano um dia “baixa a bola” e cai em si, vendo que a paz e o bom sentimento de dor e compaixão é o que fez com que a vida sempre valha a pena?

E que de homens tristes e cansados é que o mundo alcançou o patamar evolutivo em que se encontra. Os “alegres” anseiam pelo canibalismos, patrimônios e tudo o que está ao redor, dando mais ênfase ao que se tem, ao “fruto do acúmulo”, ao cúmulo do absurdo cego, do que no que de fato não se é.

Savok Onaitsirk, 08.05.11.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 09/05/2011
Reeditado em 21/07/2015
Código do texto: T2958307
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