A ida para a nova “cajinha”
 
 
Me deu “ataque” de escrever para contar tudo que me aconteceu .
Estou na nova “cajinha”, leia casinha, e muito, muiiiito feliz!
Mas antes passei por uma verdadeira prova de fogo.
Uma mudança!
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Chegou o caminhão de mudança!
 Pronto, o caminhão chegou, o gato saiu “voando” para o telhado, os cachorros ficaram enlouquecidos, corri a prendê-los num quarto que eu tinha deixado pronto  para esse momento traumatizante!
Abri a porta...
A “guerra” começou...
Quatro homens munidos de caixas de madeira, cobertores e grossas correias mal me cumprimentaram e foram entrando como se a minha casa fosse a casa da mãe Joana.
Somente o motorista me cumprimentou de forma decente e  apresentou uns papéis para que eu assinasse e confirmasse alguns dados.
Mal e mal consegui ler o que estava escrito no bendito papel, meus olhos foram direto para os valores que teria que pagar POR HORA.
Tudo bem... O combinado não é caro, segundo dizem...
Mas, e se eles “fizessem hora” para ganhar mais? (que trocadilho infame!)
Pensei, vou fazer marcação cerrada, deixa comigo, eles não terão tempo nem de respirar.
Comecei a andar atrás deles feito uma alucinada dando ordens sem parar, por favor leva este aqui, moço pega aquele lá, pode deixar que eu empacote este outro enquanto você carrega aquele dali, pode deixar que este eu levo comigo...
Deixei os homens bem tontos, quando via um parado perguntava se ele queria um copo de suco ou se ele estava se sentindo mal.
( que maldade!)
Eles só carregavam e carregavam apressados.
Acho que para se verem livres de mim...
Interessante nossas “coisas” parece que não tem dono.
Nada é importante, nada nem mesmo as que você acha uma preciosidade pelas lembranças que lhe traz, nem aquela cadeira que era da sua bisavó merece respeito!
Eles apenas pegam e levam embora como se fosse um saco de lixo!
Parei para pensar... Quando penso já viu né?
Naquele momento como se diz, “caiu minha ficha”.
Nada tem mesmo valor nem importância a não ser para mim.
Quando eu  for desta para melhor(quem disse que é melhor?) elas continuarão a ser apenas coisas, quem sabe  onde irão parar, então para que ficar dando tanta importância  a elas?
Vou cuidar, gostar e usufruir delas enquanto eu estiver por aqui, depois... Seja o que Deus quiser, a amostra disso acabei de ter...
Para encurtar a história, depois de algumas horas e o caminhão sair, antes de fechar a porta pela última vez, fiquei olhando a casa vazia.
Nela morei por mais de vinte anos, ali vivi alguns momentos de alegria mas o dobro de tristeza, naquela casa aconteceram grandes e importantes perdas , perdas irreparáveis.
Não senti nem um segundo tristeza ao deixa-la, ao contrário, senti que tinha encerrado um ciclo da minha vida,encerrado um capitulo, de qualquer modo devo agradecer a ela a garantia financeira de um futuro despreocupado, e realização de outros sonhos!
Seria bobagem achar que a casa tem alguma coisa a ver com as provações e as dores pelas quais passei, mas seria pedir demais que eu gostasse de um lugar que me traz mais  lembranças ruins do que  boas.
Finalmente os homens chegaram ao novo apartamento e simplesmente despejaram tudo em cima de mim.
Sabe quando te jogam em cima um caminhão de melancia? Só que não eram melancias, eram móveis e caixas, dá vontade de jogar tudo pela janela.
Se arrependimento matasse, eu teria morrido, puxa vida como consegui juntar tanta “tranqueira”?
Foram descarregando caixas e mais caixas e perguntando onde coloca-las, no começo até que indiquei os lugares, depois desisti,quer saber não vai caber tudo mesmo, então pedi que empilhassem as caixas e colocassem os móveis mais ou menos no lugar, já sei que depois vou ter que  arrasta-los para tentar arrumar tudo outra vez...
Hoje estou num apartamento pequeno entulhado de caixas, de plantas, de móveis, que nem sei onde os colocar e muito menos o que fazer com eles, para completar o “atropelo” mais dois cachorros e um gato que não estão entendendo nada da confusão, mas estão amando a desordem, ele cada dia dorme sobre uma caixa e as duas que antes dormiam no corredor dos quartos hoje por não ter mais espaço dormem no meu quarto, estão felizes por ficarem mais perto de mim,esta noite levantei tropeçando nas  coitadas...
Aqui é minha “cajinha”, estou adorando viver neste ambiente bagunçado e apertado, parece que estou brincando de casinha de mentira, igual quando era criança, é tudo pequenininho...Passo o dia pulando e desviando das caixas.
Garanto que vou levar uns dois meses no mínimo para deixar o caos parecido com um lugar habitável, mas estou muito contente.
Mudança meus amigos, deixar um lugar onde está se está acostumado a viver durante anos, não é para qualquer criatura normal...
 Realmente não é o conforto nem a boba ostentação que faz com que sejamos felizes, tudo isso é ilusão, uma casa luxuosa, com piscina, jardim projetado, solarium,  etc etc, não é sinônimo de felicidade, triste de quem persegue esse sonho, colocando nela suas esperanças de torna-la um lugar de felicidade, de repente pode ser uma gaiola dourada...
È possível que realize seu desejo, isso se ele der sorte em ter as duas coisas...
Para mim esta mudança só fez bem, rompi laços que deveriam ter sido rompidos a muito mais tempo, foi como renascer, criar alma nova.
No meu íntimo  sentia que devia mudar, mas precisei de muita coragem, para me desprender dela.
Aqui encontrei paz e muito amor, achei meu lar.
Esta é a segunda vez que moro  no que chamam de “caixinha de fósforos”,da primeira vez fui feliz por algum tempo,depois tudo desandou...
Desta vez tenho certeza absoluta que terei melhor sorte pois conto apenas comigo mesma.
Dizem que a felicidade está onde a pomos, mas nunca a pomos onde estamos... Mentira, eu a coloquei dentro da minha “cajinha”, vou tomar um bom vinho para comemorar!
Que bom que consegui virar mais uma página...
Me sinto mais leve...  
M.H.P.M.